O período de convenções partidárias terminou e o cenário das eleições municipais está um pouco mais consolidado para os eleitores. Em Curitiba, o xadrez político do grupo do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) teve uma vitória e duas derrotas na tática de compor com possíveis adversários para facilitar o caminho de seu candidato, o atual vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD).
Embora os agora candidatos ainda possam desistir da disputa, com os atuais nomes inscritos, a tendência é que a eleição para prefeito da capital tenha um segundo turno. A primeira derrota do xadrez político do governador veio com o insucesso nos esforços para atrair Ney Leprevost, do União Brasil, para a chapa de Pimentel. Atualmente deputado estadual, Leprevost tem boa lembrança junto ao eleitorado curitibano, pois foi ao segundo turno da eleição de 2016, sendo derrotado pelo atual prefeito, Rafael Greca (PSD). Até por isso, pontua bem nas pesquisas de intenção voto feitas até o momento.
Fontes ouvidas por O Luzeiro apontam que Leprevost tinha batido o martelo pela aliança, mas foi desautorizado pela Executiva Nacional de seu partido, até com ameaça de intervenção no diretório municipal e estadual. Sua vice será a deputada federal por São Paulo, Rosângela Moro (União), num movimento que vai testar a popularidade do senador e ex-juiz Sergio Moro (União) na cidade berço da Lava Jato. O senador, inclusive, acabou sendo a figura determinante para a manutenção da pré-candidatura de Leprevost.
Outra derrota veio com uma candidata que não estava no radar há alguns meses, a deputada estadual Maria Victoria (PP). Com isso, o Progressistas, do aliado e atual secretário da Indústria do governo Ratinho Jr, Ricardo Barros, se consolidou como a principal pedra no sapato do grupo político do governador no Estado. O vice dela será Walter Petruziello (PP), pai do vereador Pier Petruziello (PP), do mesmo partido.
A única vitória que beneficiou a candidatura Pimentel foi a saída da corrida do ex-prefeito e ex-governador Beto Richa (PSDB). Atualmente deputado federal, ele entrou na disputa de forma surpreendente e, pela lembrança dos eleitores, chegou a ter boas pontuações nas pesquisas eleitorais. No entanto, contava com a maior rejeição entre os candidatos. Richa saiu da disputa alegando que teria pouco tempo no horário eleitoral e pouco dinheiro para a campanha, além de declarar uma “neutralidade”. Fontes ouvidas pela reportagem, no entanto, dizem que ele negociou uma participação do PSDB na futura gestão Pimentel para sair da disputa.
Vale lembrar que, ainda em maio, o staff de Eduardo Pimentel conseguiu tirar da disputa um forte possível adversário: o ex-coordenador da Força Tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol (Novo). Mesmo após a entrada de Rosângela Moro na disputa, como vice de Leprevost, Dallagnol voltou a aparecer neste período de convenções para reafirmar o apoio ao vice-prefeito na eleição deste ano.
Como fica a candidatura da situação
Eduardo Pimentel conta com o PSD, maior partido do Paraná, além do apoio do prefeito Rafael Greca (PSD) e do governador Ratinho Jr. Com as máquinas municipal e estadual como auxílio, entra como favorito na disputa. Para seu vice, foi definido o ex-deputado federal Paulo Martins (PL), como um aceno ao bolsonarismo e também um “prêmio de consolação” ao jornalista. Ele já tinha sido apontado como candidato do governador na eleição suplementar, que viria após a frustrada tentativa de cassação do senador Sergio Moro. O ex-juiz foi absolvido tanto no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) quanto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Martins estava abrigado em um cargo do Governo do Paraná, até ser indicado a vice de Pimentel.
Pimentel também conta com a aliança mais robusta de partidos na eleição em Curitiba: além do PSD, estão com ele Avante, MDB, Novo, Podemos e Republicanos.
PT nacional intervém e força cumprimento de acordo de 2022
No campo da oposição, o ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), que atualmente é deputado federal, garantiu o apoio do PT, em cumprimento a um acordo feito entre os partidos na eleição de 2022, que levou Luiz Inácio Lula da Silva de volta à Presidência. Mas não sem resistência de nomes do PT local. Carol Dartora e Zeca Dirceu, ambos deputados federais, questionaram a decisão e colocaram seus nomes na disputa de uma candidatura própria do PT.
A Executiva Nacional do partido interveio e acabou forçando a aliança com Ducci, frustrando os planos da militância petista. A resistência à união com o ex-prefeito vem por ele ser considerado como “de direita” e ter sido vice e aliado de Beto Richa (PSDB), inimigo de longa data dos petistas do Paraná.
Ducci terá como vice o deputado estadual Goura, do PDT, partido que se uniu à coligação PSB e Federação PT-PCdoB-PV.
Ex-governador, ex-prefeito e ex-senador busca ressurreição
Conhecido pela língua afiada e posições políticas firmes, o ex-governador, ex-prefeito e ex-senador Roberto Requião migrou do PT para o Mobiliza e conseguiu viabilizar sua candidatura para a Prefeitura de Curitiba. Apesar do currículo invejável, Requião estava afastado da política e tinha sua carreira dada como encerrada após duas derrotas acachapantes: a primeira na disputa pela reeleição ao Senado, em 2018, e a segunda na disputa pelo Governo do Paraná, em 2022, para Ratinho Jr. e no primeiro turno. O nome de seu vice na disputa ainda não foi definido.
Confira os demais nomes na disputa
Além de Eduardo Pimentel (PSD), Ney Leprevost (União Brasil), Maria Victoria (PP), Luciano Ducci (PSB) e Roberto Requião (Mobiliza), a disputa em Curitiba conta com mais quatro nomes, sendo que uma das candidaturas está sendo questionada judicialmente. Confira abaixo:
Andrea Caldas (PSol)
O PSol, que tem federação com a Rede Sustentabilidade, escolheu a professora Andrea Caldas para ser sua candidata à prefeitura da capital. Ela terá como vice a enfermeira Letícia Faria. O partido se vale da bancada no Congresso, que dá o direito de participação em debates de TV aberta, para expor suas bandeiras em cidades maiores. Se as chances na disputa majoritária são pequenas, a intenção do PSol nesta eleição é conquistar uma cadeira na Câmara de Vereadores de Curitiba.
Cristina Graeml (PMB) – sub judice
O Por Mais Brasil (PMB), antigo Partido da Mulher Brasileira, lançou a jornalista Cristina Graeml, que tem status de influencer bolsonarista, como sua candidata à Prefeitura de Curitiba. O escolhido para vice dela foi o advogado Jairo Ferreira Filho. No entanto, a Executiva Nacional enviou nota à imprensa desautorizando a candidatura, alegando que a jornalista não representa os valores do PMB. O partido, por exemplo, está unido com o PSol e ao PT em São Paulo, em apoio ao candidato Guilherme Boulos. É esperada uma batalha judicial em torno da candidatura, que pode acabar com Cristina fora da disputa.
Luizão Goulart (Solidariedade)
O ex-prefeito de Pinhais e ex-deputado federal Luizão Goulart foi lançado pelo Solidariedade como candidato à Prefeitura de Curitiba. Sua gestão foi de alta aprovação popular na cidade da Região Metropolitana da capital e seu nome apareceu em pesquisas eleitorais de vários municípios, incluindo Curitiba, Colombo e Pinhais. Ele ainda não divulgou quem será seu vice na disputa.
Samuel de Mattos (PSTU)
O PSTU, partido de esquerda que é de oposição até ao governo Lula, lançou como candidato à Prefeitura de Curitiba o funcionário dos Correios Samuel de Mattos. Seu vice será o motorista de aplicativo Leonardo Guedes Martinez.