Seu Marino, de 64 anos, e Dona Noemia, de 52, são o casal Finckler. Os dois tinham uma fazenda de suinocultura, mas Noemia teve uma lesão na coluna. O que levou o casal a procurar outra cultura para que não tivessem que abandonar o campo. O casal se mudou para uma “chacrinha”, como Marino denomina o local, na área rural de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná.
Eles foram aconselhados pelos vizinhos a não produzir bovinos, por isso o casal optou pela piscicultura. Conhecendo quase nada da cultura, o casal decidiu arriscar com a tilápia, espécie da qual o Paraná é líder nacional na produção. Para isso, Marino e Noemia contavam com o apoio de técnicos do IDR-Paraná e também de fornecedores, que davam dicas sobre como manejar a cultura.
“Quem me falou sobre o programa foi a técnica do IDR-Paraná que me acompanha aqui. Ela vem todo mês e comentou sobre o RenovaPR. Na hora eu disse para ela ‘meter ficha’ e deu certo”, recorda o piscicultor.
O RenovaPR é um programa para instalação de placas solares com juros zero no financiamento, barateando custos da instalação de placas solares e possibilitando o investimento em automatização dentro da propriedade. O programa é desenvolvido por meio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR).
Redução de custo
A propriedade de Marino e Noemia conta com dois tanques, com capacidade para produzir até 65 mil tilápias simultaneamente, por ciclo. Por mês, o casal chegava a gastar R$ 2 mil em energia elétrica, mas com um número bem menor de peixes. A termos de comparação, com a produção atual, eles estimam que a conta ficaria entre R$ 7 mil e R$ 8 mil.
Buscando reduzir custos, Marino buscou financiamento de 96 placas solares com juros zero pelo RenovaPR, por meio do Banco do Agricultor Paranaense, operacionalizado pela Fomento Paraná, ao valor total de R$ 165 mil. Enquanto que no ano eles pagariam cerca de R$ 84 mil com a conta de luz, a parcela do financiamento das placas solares, que é anual, fica em R$ 16,5 mil, redução de 80%.
Com prazo de pagamento de 10 anos, o casal foi pioneiro na obtenção de financiamento pelo programa em Marechal Cândido Rondon, ainda em 2021. “O primeiro contrato que entrou no banco aqui da região foi o nosso”, recorda Noemia. A economia proporcionou que a produção fosse aumentada. “Naquela época, quando não tínhamos as placas, eram poucos peixes. Agora eu tenho bem mais. No calorão chego a gastar 10 mil quilowatts no mês”, explica Marino, que se livrou da conta de luz. “Hoje eles só descontam a taxa da rede, de R$ 19 em média.”
Outros equipamentos
Além de aumentar a produção, permitida pela redução na conta de luz e financiamento sem juros, o casal pôde investir em outros equipamentos para otimizar ainda mais a propriedade. Eles também financiaram pelo Banco do Agricultor um gerador de energia (evitando que os picos de luz prejudiquem a produtividade) e sondas (que medem o oxigênio na água). Instalaram, ainda, um sistema com aeradores, que movimentam a água para aumentar o oxigênio nos tanques.
“Se fosse pagar energia não poderia por muito aerador, porque o gasto é muito alto. Assim a gente pôde colocar mais e aumentar a produção de peixe. Enquanto estamos pagando as placas, tem que ir se acertando com o gasto, mas depois de finalizar, será tudo de bom”, afirma o piscicultor.
Inverno
Deu tão eficiente a produção de energia, o casal decidiu investir, por conta própria, em mais 48 placas, totalizando agora 144. Com o excedente do que é produzido nos meses que demandam menos energia (geralmente no inverno), o casal abate em meses em que a produção está plena, quando os peixes atingem um tamanho superior a 400 gramas.
Apesar de ser uma região com temperaturas mais elevadas, quando ocorrem dias frios os produtores já redobram os cuidados. Isso porque a produção de alevinos (estágio embrionário dos peixes) ocorre nos períodos de calor, entre novembro e abril. Deixar os peixes morrerem fora desse período, sem ter como repor, é perder dinheiro.
Outro fator de cuidado é com a alimentação. Em dias frios, os peixes se movimentam menos, o que demanda porções menores de ração, facilitando a digestão e evitando perdas. “No inverno é complicado. A água fica muito fria e se bobear um pouquinho, tratar um pouco demais, mata os peixes”, comenta Marino. “Tem que cuidar mais. Por isso que para mim não é bom o frio. Eu prefiro o calor, porque os peixes vêm mais rápido.”
Com informações da Agência Estadual de Notícias.