O Grupo Motiva (ex-CCR) vendeu toda a sua operação de aeroportos na América Latina por R$ 11,5 bilhões (entre troca de participações e transferência de dívidas) para Aeropuerto de Cancún, S.A., uma subsidiária do Grupo Aeroportuario del Sureste, S.A.B (Asur). Ao todo, são 20 terminais em quatro países (Brasil, Costa Rica, Curaçao e Equador), sendo 17 deles no Brasil e 4 no Paraná.
A operação ainda depende de aprovação dos poderes concedentes em cada um dos países. No caso do Brasil, a análise será feita pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A venda ocorre apenas quatro anos após a então CCR vencer o leilão de nove aeroportos do Bloco Sul, realizado pelo Governo Federal. O pacote inclui os aeroportos do Bacacheri e Afonso Pena (que servem Curitiba), o de Foz de Iguaçu (Oeste) e o de Londrina (Norte).
Na ocasião do leilão, a empresa levou a disputa ofertando pagar uma outorga onerosa (valor destinado aos cofres do governo) de R$ 2,128 bilhões – um impressionante ágio de 1.534% sobre o valor mínimo, que era de R$ 130,2 milhões.
Em outubro de 2021, o contrato foi assinado com a Anac. Além da outorga, há a obrigação de investimento de R$ 2,85 bilhões nos terminais do bloco. Entre os itens, está a construção de uma terceira pista (com 3.000 metros de extensão) no Aeroporto Afonso Pena, que serve à Grande Curitiba.
Outra obrigação da concessionária é o pagamento de uma outorga variável (mais dinheiro para os cofres do Governo Federal) sobre a receita bruta, que tem percentuais crescentes calculados do 5º ao 9º ano do contrato, tornando-se constantes a partir de então e até o final da concessão.
De acordo com dados da Anac, a previsão de arrecadação para todos os 30 anos da concessão nos nove aeroportos Bloco Sul era de R$ 7,45 bilhões.
Segundo dados da Motiva, os 20 aeroportos sob controle da concessionária arrecadaram R$ 2,565 bilhões nos 12 meses encerrados no terceiro trimestre de 2025. O Ebitda da operação (Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) foi de R$ 1,301 bilhão.
Do valor total de R$ 11,5 bilhões calculado na venda dos aeroportos à Aeropuerto de Cancún, S.A, R$ 5 bilhões em equity pelas participações acionárias da Motiva nos ativos aeroportuários, e R$ 6,5 bilhões em dívidas líquidas. A justificativa da empresa para a venda é concentrar as operações nos demais negócios do grupo, que além de aeroportos atua em rodovias e ferrovias, além de reduzir as dívidas decorrentes dos contratos.


