O Paraná inaugurou no sábado (19) uma fábrica de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia com capacidade de produção estimada de até 100 milhões de ovos de mosquitos por semana. A planta fica no Parque Tecnológico da Saúde do Governo do Paraná, em Curitiba, e vai ampliar a produção em larga escala de mosquitos utilizados no controle biológico do vetor transmissor da Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, método desenvolvido e aplicado no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que faz parte das estratégias nacionais de combate às arboviroses do Ministério da Saúde.
Com mais de 3,5 mil metros quadrados de área construída, equipamentos de ponta para automação e criação dos mosquitos com a bactéria Wolbachia, e uma equipe com cerca de 70 funcionários, a nova fábrica da Wolbachia, também chamada Wolbito, no Brasil supre a crescente demanda nacional pelo Método Wolbachia. Ela vai priorizar município com alto risco de transmissão de arboviroses, em diversas regiões do país.
A biofábrica será coordenada pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e pelo World Mosquito Program (WMP), instituição que detém a patente da tecnologia. O IBMP é fruto de uma parceria entre a Fiocruz e o Governo do Paraná, por meio do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar).
Método Wolbachia
Desenvolvido na Austrália, o Método Wolbachia consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que ao se reproduzirem com a população local, formam uma nova geração de mosquitos com a mesma bactéria.
Em laboratório, os pesquisadores do WMP conseguiram introduzir a bactéria Wolbachia, presente em aproximadamente 50% dos insetos no mundo, dentro dos ovos de Aedes aegypti. Quando presente nesse mosquito, ela impede o desenvolvimento dos vírus da Dengue, Chikungunya e Zika Vírus, reduzindo a transmissão dessas doenças.
O método não envolve modificação genética e, ao longo do tempo, se torna autossustentável, mantendo-se na população de mosquitos sem necessidade de novas liberações, o que o torna uma estratégia eficaz, segura e acessível a longo prazo. Até agora ele implantado em oito cidades brasileiras: Niterói (RJ), Rio de Janeiro (RJ), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Campo Grande (MS), Joinville (SC), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). A seleção dos municípios é feita pelo Ministério da Saúde, e a implementação é realizada pela Wolbito do Brasil, com o apoio da Fiocruz.
No Paraná, o método passou a ser usado em julho de 2024, em Foz do Iguaçu e Londrina, onde foram liberados aproximadamente 94 milhões de mosquitos. Essas biofábricas foram desmontadas em maio e junho deste ano, após finalizarem o projeto. A Sesa já oficiou e deu início às tratativas junto ao Ministério da Saúde para a continuidade e expansão do método Wolbachia nas duas cidades, contemplando 100% do território dos dois municípios.
Dados do Estado
De acordo com o último boletim epidemiológico de arboviroses, divulgado pela Sesa nesta terça-feira (15), o Paraná já registrou este ano 85.611 casos confirmados e 107 óbitos por dengue. De Chikungunya já foram confirmados 5.135 casos e cinco mortes, e por Zika Vírus, não há confirmações de casos e óbitos neste período.
*Com informações da Agência Estadual de Notícias