O deputado estadual Ricardo Arruda (PL) está se tornando o maior desafio ao desejo do presidente da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi (PSD), de pacificar a Casa. Nesta terça-feira (12), o discurso do parlamentar bolsonarista gerou um imenso bate-boca de mais de 15 minutos na sessão plenária.
Arruda atacou inicialmente os alvos de sempre: o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu partido, o PT. Também defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes.
Mas, foi advertido pela presidente em exercício, Flavia Francischini (União Brasil), por ter chamado a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT) de “cara de pau” e dizer que tinha que “tomar vergonha na cara”.
“Eu enquanto mulher me sinto ofendida se fosse chamada de cara de pau. E eu tenho certeza que qualquer outra mulher e qualquer outro homem aqui também”, disse Francischini.
A discussão sofreu apartes de outros parlamentares. “Leia o regimento da Casa. O regimento não permite que o senhor use a linguagem que usa. O senhor está usando uma linguagem inadequada ao parlamento. Eu vou lhe encaminhar no WhatsApp para o senhor ler, inclusive”, disse o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD).
Ao fundo e com o microfone cortado, Arruda protestava, aos gritos. A presidente pediu que ele se acalmasse, mas ele seguiu protestando com relação às interrupções de sua fala.
Ele teve a palavra retomada pela presidência, mas aproveitou o tempo para retomar os ataques, desta vez direcionados a Luiz Claudio Romanelli.
O líder da oposição, Arilson Chiorato (PT), pediu para que o discurso de Arruda seja incluído na ata da sessão e publicado no diário oficial da Casa para que possam ser tomadas medidas contra o deputado do PL.
“Nós conhecemos suas capivaras, senhor deputado”
No embate com Romanelli, Arruda partiu para as acusações, lembrando do fato que o colega assinou recentemente um Acordo de Não Persecução Civil com o Ministério Público (MP). A menção provocou resposta e mais um bate-boca.
“Nós conhecemos suas capivaras, deputado”, respondeu Romanelli. “Eu não fiz acordo com o MP, como você”, respondeu Arruda.
Arruda é réu por associação criminosa, peculato e tráfico de influência, decorremtes de uma acusação que o parlamentar supostamente cobraria dinheiro de policiais militares afastados por indisciplina para conseguir a readmissão deles ao efetivo.
A aceitação da denúncia por parte do Tribunal de Justiça (TJ) motivou inclusive um pedido da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Paraná (OAB-PR) pelo afastamento dele do mandato.