Jaqueline Loyola de Lima e Julia Pozzetti
A eleição de Gustavo Sezerban (Universidade Positivo) para a presidência do Parlamento Universitário foi marcada por articulações prévias e alianças informais. Representando a chapa MUDE, Sezerban foi eleito com 36 dos 54 votos. Também foi eleita Victória Bentes como governadora do programa, com candidatura única. (leia mais abaixo)
O restante da mesa diretora será composta por João Kochella (PUCPR) como 1º secretário, Kamilly Vitoria (UniSantaCruz) como 2ª secretária, Rodrigo Ferreira (UniEnsino) como 3º secretário, Samuel Cordeiro (Unimater) como 1º vice-presidente, e Anderson Lima (Unioeste) como 2º vice-presidente.
Em coletiva de imprensa, o presidente eleito afirmou ter iniciado articulações logo após a divulgação das instituições participantes. As negociações com centros acadêmicos das universidades se pautaram, segundo ele, principalmente pela “afinidade” entre os candidatos e não por critérios político-partidários.
“A aliança foi, assim, como eu disse, principalmente por questões de afinidade. Por exemplo, a gente teve duas reuniões com a aliança, onde nós fomos tomar café, fomos sair, fazer uma social, só para a gente se conhecer”, afirmou
A justificativa levanta questionamentos sobre a informalidade das escolhas e a ausência de critérios mais objetivos e institucionais, especialmente em um contexto de formação política como o Parlamento Universitário.
Apesar da concentração de votos nas universidades com maior representatividade, o novo presidente rejeitou a ideia de que a chapa majoritária reflete um domínio dessas instituições, embora os dados apontem forte presença de universidades como PUCPR, UFPR e Unioeste entre os blocos governistas.
Ao final da sessão, os deputados também aprovaram a formação das comissões temáticas, contemplando áreas como: Constituição e Justiça (CCJ), Finanças e Tributação, Saúde e Pessoas com Deficiência, Meio Ambiente, Ciência e Educação, Mulher, Criança e Adolescente, Direitos Humanos, Segurança Pública, e Indústria e Emprego.
O Parlamento Universitário, ainda que em caráter formativo, revela tensões reais sobre os critérios de escolha política, o papel da articulação informal e a representatividade institucional. A condução dos trabalhos pelos novos representantes, especialmente em relação ao compromisso com a transparência e ao enfrentamento das desigualdades internas, será fundamental para avaliar a maturidade política do exercício.
Problemas com o regimento interno
Ao ser confrontado sobre a não leitura do regimento interno antes de sua candidatura, Sezerban responsabilizou a Escola do Legislativo por atrasos na programação e negou desconhecimento do documento. “Havia previsto no cronograma, se eu não me engano, um momento de uma hora para negociações, mas infelizmente houve um atraso nas atividades”, justificou.
A base articulada inicialmente para formar um bloco único de 36 parlamentares – número superior ao permitido pelo regimento – acabou se dividindo em três blocos distintos, que juntos compuseram a maioria. A oposição, por sua vez, se organizou em outras três frentes menores.
Procurado para comentar a declaração do presidente, o diretor da Escola do Legislativo, Jeulliano Pedroso, enviou uma nota a O Luzeiro. Segue o texto na íntegra:
Não houve qualquer atraso nas atividades do Parlamento Universitário decorrente de falhas na organização da simulação. Pelo contrário, o único contratempo registrado teve origem em um problema inicial relacionado ao protocolo das chapas participantes — uma responsabilidade dos próprios grupos envolvidos.
Quando o presidente menciona a falta de tempo para articulação, entendemos que ele busca justificar essa situação. No entanto, é importante ressaltar que, assim como ocorre com os deputados eleitos no Parlamento real, o período de articulação política antecede as sessões e faz parte do processo democrático de construção das candidaturas.
Respeitamos a manifestação do presidente e não interpretamos sua fala como uma crítica à organização. Compreendemos que ele busca se posicionar diante dos desafios enfrentados. Ainda assim, é importante destacar que todas as etapas do Parlamento Universitário têm ocorrido conforme o cronograma previsto, com ampla participação e elevado nível de engajamento dos estudantes.
Programa terá uma governadora
A eleição da governadora do Parlamento Universitário, Victória Bentes (Faculdade Inspirar), ocorreu sem concorrência e com unanimidade dos votos. Seu discurso de posse foi marcado por uma postura serena e conciliadora, destacando valores como diálogo, pluralidade e compromisso com a coletividade.
“Este não é um cargo de exaltação pessoal. É um cargo de serviço. E é assim que pretendo atuar: servindo a este Parlamento com transparência, equidade e compromisso real com a coletividade”, disse ela.

Em entrevista, Bentes expressou surpresa pela ausência de outras candidaturas, mas reconheceu a importância simbólica de sua eleição.
“Eu realmente, como eu falei ainda há pouco, imaginei que fosse haver outras pessoas candidatas. […] Uma mulher em um cargo tão importante, eu acho de extrema importância. Então, eu fico muito feliz de estar ocupando um cargo, assim, muito alto”, completou.
Jaqueline Loyola de Lima é estudante do 5º período de Publicidade da UniFatec
Julia Pozzetti é estudante do 7º período de Jornalismo na Universidade Positivo