Depois de ficar em quarto lugar na corrida pela Prefeitura de Curitiba, Ney Leprevost (União Brasil) fez uma primeira avaliação pública de seu desempenho e afirmou que o resultado foi, ao menos parcialmente, culpa do senador Sergio Moro (União Brasil). Em entrevista à repórter Catarina Scortecci, da Folha de S. Paulo, Leprevost disse que Moro “atrapalhou bastante” a campanha e que ele é “ruim de lidar, de difícil trato, vaidoso”.
O senador respondeu horas depois, criticando a postura de Leprevost na campanha e afirmando que ele “está buscando uma desculpa para a derrota” (veja abaixo).
Leprevost classificou como erro ter aceitado compor chapa com a deputada federal Rosângela Moro (União Brasil), esposa do senador — o que decorreu de uma costura do presidente nacional do partido, Antonio Rueda —, porque Moro teria passado a “achar que o candidato era ele” e agir como se a candidatura servisse “para ficar fazendo a pré-campanha dele de governador”.
“Ele queria ficar saindo na propaganda de televisão. Mas eu só tinha 1 minuto e 12 segundos de televisão. Não podia ficar colocando ele o tempo todo”, reclamou.
Afirmou ainda que Moro “agregou muita rejeição à campanha”, já que não é bem visto nem por eleitores de Lula, nem pelos de Bolsonaro, e que o senador não conseguiu atrair votos de eleitores simpáticos ao lava-jatismo, já que outro representante dele, o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo), apoiou o candidato Eduardo Pimentel (PSD), que passou para o segundo turno junto com Cristina Graeml (PMB).
O candidato derrotado admitiu que a situação levou a um afastamento ainda durante a campanha, o que era ventilado nos bastidores e chegou a ser pauta do blog de Lauro Jardim, n’O Globo. Em 29 de setembro, o blog falou sobre a relação estremecida entre Leprevost e o casal Moro, e disse que, segundo integrantes do União Brasil, o caso era de uma “briga de marqueteiros”, já que os Moro queriam uma participação maior na campanha e Leprevost teria concentrado as atividades em sua equipe.
Para Moro, Leprevost não tinha posições definidas e ficou “pequeno politicamente”
Horas depois, Sergio Moro reagiu, criticando a postura de Leprevost na campanha e afirmando que ele “está buscando uma desculpa para a derrota”. Ao jornal O Globo, Moro disse: “Embora ele (Ney) seja uma pessoa relativamente nova, se apresentou como um político velho, sem posições definidas de maneira clara. Ao invés de assumir uma posição clara de direita, ou se fosse o caso até de esquerda, ele ficou com posições políticas indefinidas”.
Moro negou que Leprevost tenha aceitado Rosângela como sua vice — segundo ele, foi o próprio candidato que pediu para que a deputada federal fizesse parte da chapa — e afirmou ainda que o candidato “ficou pequeno politicamente e também pensa pequeno como pessoa”.
No início da tarde, em uma rede social, voltou a falar sobre o assunto: “Ney Leprevost não conseguiu nem eleger o irmão vereador e quer, com mentiras na Folha de São Paulo [sic], transferir a responsabilidade pelo fracasso de sua candidatura a prefeito a terceiros.” Disse ainda que nem ele, nem Rosângela, nem o partido tiveram influência na campanha e que “Ney aventurou-se na busca por eleitores de todos os lados e junto com seu irmão recebeu nas urnas o que merecia”.