No início do período de campanha, cinco das sete cidades do Paraná aptas a terem segundo turno já indicavam que a decisão sobre quem assumiria o executivo municipal ficaria para o fim de outubro. Em 45 dias de campanha, muito aconteceu — mas esse cenário se manteve.
Hoje, o segundo turno parece certo em ao menos três municípios — Curitiba, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu — e ainda é provável em outros dois: Londrina e Cascavel. Em Maringá e São José dos Pinhais, a perspectiva é de que o resultado de domingo parece seja final.
Confira como está a situação em cada um deles às vésperas da votação:
Curitiba
Logo que a campanha atingiu o marco de 30 dias, pesquisas começaram a apontar o crescimento de Eduardo Pimentel (PSD) entre os eleitores. Desde então o vice-prefeito, que concorre com a benção do atual prefeito Rafael Greca (PSD), além do apoio do governador Ratinho Jr. (PSD) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), adotou um discurso de que é possível resolver a eleição ainda no primeiro turno, inclusive incentivando o voto útil. Contudo, o segundo turno parece certo na capital.
A grande questão é quem segue para ele. Na frente – e com boa vantagem – nas últimas pesquisas realizadas, Pimentel parece ter vaga garantida. O segundo lugar, porém, nunca foi claro – e tornou-se mais difícil de prever de 16 de agosto para cá.
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Inicialmente, disputavam a vaga Luciano Ducci (PSB), Ney Leprevost (União) e Roberto Requião (Mobiliza). Com o tempo, as candidaturas de Leprevost e Requião perderam fôlego, enquanto a de Cristina Graeml (PMB), novata em disputas eleitorais e representante do bolsonarismo, teve um crescimento significativo. Na última pesquisa Radar*, que mostrou Ducci como segundo colocado isolado pela primeira vez — anteriormente, o deputado federal aparecia empatado com outros concorrentes —, também trouxe Graeml à frente de Requião e encostada em Leprevost.
Até Pimentel sentiu que isso poderia ser uma ameaça, principalmente porque disputam parte do mesmo eleitorado, e mobilizou o bolsonarista Nikolas Ferreira, além do próprio Bolsonaro, para demonstrarem apoio à sua campanha. Ele não previu, porém, a denúncia de que servidores da prefeitura teriam sido coagidos a doar recursos para sua campanha, o que pode respingar sobre seu desempenho. Também precisou lidar — assim como os outros candidatos — com a presença de Graeml no debate da RPC, o primeiro de TV para o qual ela foi convidada, garantindo mais visibilidade.
Novas pesquisas que possam dar indícios de como os acontecimentos dos últimos dez dias de campanha impactaram a percepção e a preferência do eleitorado saem apenas na véspera da votação, mesmo que a própria Graeml tenha tentado, sem sucesso, impugnar uma delas e Pimentel, outra.
* A pesquisa feita pela Radar Inteligência sob encomenda do Portal Banda B tem registro nº PR 03407/2024 no Tribunal Superior Eleitoral. Foram ouvidas 816 pessoas de 16 a 60 anos entre os dias 21 e 23 de setembro. O grau de confiança é 95%. A margem de erro, 3,5 pontos percentuais.
Londrina
Do início oficial da campanha para cá, o deputado estadual e candidato do governador Ratinho Jr., Tiago Amaral (PSD) teve um crescimento significativo em intenções de voto em Londrina — foram 20 pontos percentuais em levantamentos feitos pelo instituto Paraná Pesquisas*, chegando a 41,1% em 23 de setembro —, enquanto seus concorrentes se mantiveram estáveis ou tiveram sutis reduções.
Assim, Amaral se tornou o favorito ao cargo de prefeito e tem chance de chegar a ele ainda no primeiro turno, mas a perspectiva de segundo turno ainda não foi descartada.
Se for confirmada, a disputa deve ficar entre ele e a secretária municipal de educação Maria Tereza de Moraes (PP), que é apoiada pelo atual prefeito, Marcelo Belinati (PP). A Professora Maria Tereza manteve em torno de 15% das intenções de voto ao longo da campanha, pouco mais do que Tercílio Turini (MDB) e Barbosa Neto (PDT), que recorre ao Tribunal Superior Eleitoral contra o indeferimento de sua candidatura.
* A pesquisa do Instituto Paraná Pesquisas, inscrita no Tribunal Superior Eleitoral sob o nº PR-08723/2024, entrevistou 710 eleitores entre 19 e 22 de setembro. Ela tem grau de confiança de 95% e margem de erro de 3,8 pontos percentuais para mais ou para menos.
Maringá
Maringá deve efetivamente escolher seu novo prefeito já no domingo (6) — e ele deve ser um velho conhecido: o ex-prefeito Silvio Barros II, que é irmão do secretário da indústria e do comércio do Paraná, Ricardo Barros, cunhado da ex-governadora Cida Borghetti e tio da deputada estadual e candidata a prefeita de Curitiba Maria Victória.
Barros manteve o favoritismo ao longo de toda a campanha — já no início dela, ele tinha 57% das intenções de voto, de acordo com levantamento da Paraná Pesquisas* —, dificultando a disputa até mesmo para Edson Scabora (PSD), que tinha o governo municipal e estadual a seu favor.
Aliás, uma das dúvidas no início da campanha era se o governador Ratinho Jr. iria se envolver diretamente, já que Barros fez um movimento para se aproximar do governador antes de confirmar sua candidatura. Ratinho Jr. demorou quase um mês, mas foi a Londrina e gravou vídeos de apoio a Scabora. O esforço, porém, não mudou o cenário.
* Pesquisa registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o nº PR-03428/2024. Entrevistou 710 eleitores de 26 a 29 de setembro. Tem grau de confiança de 95% e margem de erro de 3,8 pontos percentuais.
Ponta Grossa
A sensação de déjà vu deve ser inevitável em Ponta Grossa no domingo (6). Ao que tudo indica, os eleitores vão sair de casa para escolher quem segue na disputa até o segundo turno — e a são grandes as chances de que eles escolham as mesmas pessoas da eletrizante disputa de 2020: a deputada estadual Mabel Canto (PSDB) e a prefeita Elizabeth Schmidt (PSD), embora ainda haja chance para Marcelo Rangel (PSD).
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Assim como aconteceu em 2020, Mabel lidera as pesquisas mais recentes. Na Radar/Grupo D’Ponta de outubro*, ficou com 30,8% das intenções de voto, enquanto Schmidt tem 22,2% e Rangel, 20,2%. Ainda assim, deve ser mais difícil para a atual prefeita virar o jogo no último segundo novamente, porque não tem os mesmos apoios de antes — como o do governador Ratinho Jr. — e se manteve atrás de Mabel, e até de Rangel, ao longo de toda a campanha, o que dá indícios sobre a relação do eleitorado com sua atual gestão.
*A pesquisa realizada pelo instituto Radar Inteligência Ltda foi contratada pelo D’Ponta Mídias e Consultoria Ltda/Grupo D’Ponta e realizada nos dias 28, 29 e 30 de setembro de 2024. Ela entrevistou 600 eleitores. A margem de erro é de 4,0 pontos percentuais para mais ou para menos, e o grau de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada sob o número PR-00009/2024.
Cascavel
Cascavel se vê numa situação parecida com a de Londrina: quem lidera a corrida — o vice-prefeito Renato Silva —, o faz por boa margem em relação aos outros candidatos, na faixa dos 40%, e pode ser eleito já no primeiro turno. A informação é da pesquisa IRG/RICtv*. Porém, ainda há chance para segundo turno.
Se ele acontecer, o cenário se assemelha então ao da capital: ainda não dá para saber quem vai ocupar a segunda vaga na nova etapa. Edgar Bueno (PSDB) e Marcio Pacheco (PP) apareceram muito próximos – com menos de meio ponto percentual de diferença na mesma pesquisa. Isso é reflexo de uma divisão do eleitorado de direita entre os três candidatos, que indicava desde o princípio que geraria um acirramento da disputa no município.
*Encomendada pela RICtv, a pesquisa do Instituto IRG Pesquisas entrevistou 600 pessoas em Cascavel entre os dias 25 e 29 de setembro. Ela tem margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos, e grau de confiança de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número PR-007475/2024.
Foz do Iguaçu
Pela primeira vez na história, Foz do Iguaçu poderá ter uma eleição municipal em dois turnos e as chances de que isso ocorra são altas. Isso porque os dois candidatos que protagonizam a disputa estão tecnicamente empatados, conforme a mais recente pesquisa IRG/RICtv*. O General Silva e Luna (PL), que aparece em vantagem, tem 42,5% das intenções de voto, enquanto o ex-prefeito Paulo Mac Donald (PP) tem 36%. A margem de erro da pesquisa é de 4 pontos percentuais.
Ainda assim, os candidatos correm para tentar garantir novos votos até domingo. Tentando dar um último gás ao seu candidato, Ratinho Jr. esteve em Foz nesta sexta para participar de uma carreata ao lado de Silva e Luna. Mac Donald faz a sua carreata no sábado (5).
* O levantamento IRG/RICtv Record foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o nº PR-09375/2024. Foram entrevistadas 600 pessoas de 16 anos ou mais entre os dias 26 e 29 de setembro. A margem de erro é de 4 pontos percentuais para mais ou para menos e o grau de confiança é de 95%.
São José dos Pinhais
Em São José dos Pinhais, as chances de Nina Singer (PSD) se reeleger já no primeiro turno são grandes. Em agosto, a atual prefeita já aparecia com altos índices de intenções de voto — na pesquisa IRG/Band*, eram 46,2% —, indicando favoritismo no cargo, mesmo diante de bons resultados do candidato Geraldo Mendes (União), que somou 32% à época.
O mesmo instituto não fez outro levantamento para acompanhar a evolução das candidaturas, mas há outras que indicam que o cenário atual é parecido, com leve crescimento da candidata do PSD.
* Registrado no Tribunal Superior Eleitoral sob o número PR 07220/2024, o levantamento ouviu 600 pessoas, em São José dos Pinhais, entre os dias 14 e 17 de agosto – período de pré-campanha. A pesquisa tem grau de confiança de 95% e 4% de margem de erro.