O município de Sapopema, no Norte Pioneiro, vai receber uma nova fábrica de ureia (fertilizante nitrogenado). Os detalhes para a construção da fábrica, orçada em R$ 3 bilhões, foram discutidos em Curitiba entre o governador Carlos Massa Ratinho Junior e investidores ligados à Paranafert, a empresa gestora, em uma reunião no começo desta semana.
A fábrica de Sapopema vai ter uma capacidade de produção de aproximadamente 520 mil toneladas de fertilizante por ano, representando 7% do consumo nacional. Na mesma fábrica, vão ser produzidas anualmente mais de 13 mil toneladas de enxofre e derivados.
De acordo com o cronograma inicial, o empreendimento deve obter todas as licenças ambientais e autorizações legais dentro de um ano. Após o início das obras, a fábrica deve ficar pronta em dois anos.
Insumo estratégico
Devido à grande demanda do agronegócio, especialmente do Paraná, o Brasil é atualmente o maior importador mundial de fertilizantes, com cerca de 86% das suas necessidades atendidas por outros países. O insumo tornou-se ainda mais estratégico para o setor devido ao aumento de 180% nos preços entre 2021 e 2022 por causa da alta dos custos de matéria-prima, problemas logísticos causados pela pandemia e conflitos geopolíticos envolvendo grandes fornecedores, principalmente a Ucrânia.
Por esses e outros motivos, o Conselho Nacional de Fertilizantes e Nutrição de Plantas (Confert) aprovou, em novembro de 2023, o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF/2050). No documento, ficou estabelecido que a produção nacional de fertilizantes deva ser capaz de atender de 45% a 50% da demanda nacional até 2050, o que torna dá à nova fábrica a ser instalada no Paraná um caráter ainda mais estratégico em nível nacional.
Sustentabilidade
Composto de alto teor de nitrogênio, a ureia é um dos nutrientes essenciais para o crescimento das plantas e amplamente utilizada para aumentar a produtividade agrícola. Quando aplicada com as técnicas adequadas de manejo, ela contribui para o desenvolvimento saudável das plantas com menos aplicações, reduzindo impactos ambientais como o risco de contaminação de lençóis freáticos, ao mesmo tempo em que demanda menos recursos naturais.
A produção do fertilizante nitrogenado é feita a partir da gaseificação do carvão mineral, que representa 25% da produção desse insumo em nível mundial. A China, a Índia e a África do Sul estão entre os países que mais utilizam essa tecnologia atualmente.
Segundo o secretário estadual do Desenvolvimento Sustentável, Everton Souza, que participou da reunião, a produção de fertilizantes em Sapopema a partir dessa técnica representa um grande potencial econômico para o Estado. “É mais uma oportunidade de aproveitar o potencial do patrimônio natural existente no Paraná, reduzindo a dependência das importações”, disse.
“O Norte Pioneiro vai ganhar muito com esse investimento e o nosso papel é fazer com que o licenciamento seja conduzido de acordo com as normas ambientais e com agilidade para que os empresários tenham confiança para investir”, acrescentou Souza.
O presidente do Instituto Água e Terra (IAT), José Luiz Scroccaro, informou que o órgão estadual já deu início às tratativas com a empresa para a emissão das licenças ambientais necessárias para a instalação do empreendimento em Sapopema. “Elaboramos o termo de referência com a empresa e pedimos aos representantes o RAS (Relatório Ambiental Simplificado) porque a fábrica utilizará uma tecnologia muito avançada”, afirmou.
“Aguardamos os detalhamentos do projeto, de como o insumo será processado, para que possamos dar sequência ao processo de emissão da licença de instalação”, acrescentou Scroccaro.
Com informações da Agência Estadual de Notícias