Em assembleia realizada na noite desta quarta-feira (5), os professores da rede estadual de ensino decidiram encerrar a greve convocada, entre outros pontos de pauta, para tentar impedir a aprovação do programa Parceiro da Escola, que virou lei e vai terceirizar a gestão administrativa de 204 escolas no Paraná. A categoria decidiu manter um estado de greve.
Apesar da derrota, a presidente da APP Sindicato, Walkiria Olegário Mazeto, avalia o movimento de forma positiva. “Não conseguimos barrar a tramitação [do projeto que privatiza as escolas], mas incomodamos e alcançamos com grande êxito outros objetivos. A nossa luta colocou a pauta da venda das escolas no mundo. Nós temos posição firmada neste estado, provocamos o debate sobre este tema nacionalmente”, afirmou ao site da entidade.
A greve dos professores paranaenses teve embates com a administração do Estado mesmo antes de começar. No final de semana, uma decisão liminar obtida pelo governo impôs multa de R$ 10 mil por dia caso a paralisação fosse realizada. A resposta foi uma recomendação do Ministério Público do Trabalho (MPT) para que a Secretaria da Educação e núcleos parassem de ameaçar professores com faltas retaliações. Alegando que a requisição da Justiça havia sido resolvida, a APP Sindicato iniciou seu movimento no dia previsto, segunda-feira (3), com uma grande mobilização em Curitiba.
A categoria usou suas armas para tentar impedir a votação do projeto, recorrendo à velha tática da invasão do prédio da Assembleia Legislativa. Ao contrário de ocasiões anteriores, os manifestantes ficaram restritos às galerias, sem descer para o plenário. O ambiente hostil levou o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSD), a recorrer a uma ferramenta desenvolvida na pandemia, a votação remota, para viabilizar a aprovação, com votações na segunda e na terça-feira (4), com urgência, do programa enviado pelo governo.
A sanção pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior veio apenas horas depois. E a quarta-feira (5) foi marcada por uma guerra de narrativas entre governo e professores. A administração estadual recorreu mais uma vez à via judicial, pedindo o aumento a R$ 100 mil da multa por dia que a paralisação seguisse, aliada a “medidas coercitivas” para impor o fim da greve. A APP Sindicato protestou contra a gravidade do pedido, e classificou atitudes do governo como antissindicais.
Após três dias de paralisação, com divergência sobre o tamanho da adesão ao movimento, os professores retornam ao trabalho e prometem manter a mobilização contra o Parceiro da Escola, que em seus próximos passos terá que ser aprovado pela comunidade escolar em cada uma das 204 escolas-alvo. Na ocasião, prometem reacender a luta contra a terceirização da gestão administrativa de unidades educacionais no Paraná.
A greve dos professores também reivindicava o pagamento da database do último ano, recomposição de 39% calculados em perdas salariais e o fim da terceirização de serviços não essenciais, como limpeza, nas escolas do Estado.