O Governo do Paraná prorrogou a emergência fitossanitária no estado por mais 180 dias através do Decreto 6.356/2024, publicado na última sexta-feira (28), para combater o greening, uma praga que afeta os citrícos. A medida visa permitir ações rápidas e eficazes contra a doença.
Nos últimos dois anos, cerca de 280 mil plantas cítricas e ornamentais foram erradicadas nas regiões Noroeste e Norte do Paraná para controlar o greening e seu vetor, o inseto Diaphorina citri.
O governo, em parceria com a Secretaria de Agricultura, Adapar, IDR-Paraná, produtores, empresas e prefeituras, recomenda boas práticas como a erradicação de plantas doentes, o plantio de mudas sadias e o controle do inseto vetor com produtos biológicos e químicos.
O secretário de Agricultura, Natalino Avance de Souza, afirmou que o decreto é necessário para garantir medidas eficazes e manter a citricultura como uma atividade econômica e social importante no estado.
Na última semana, um balanço das ações foi apresentado em reunião da Câmara Técnica de Citricultura em Paranavaí, com cerca de 120 participantes. A citricultora e engenheira agrônoma Marlene Calzavara destacou que o grupo de trabalho criado em 2007 foi transformado em Câmara Técnica em 2023 devido ao aumento da doença desde 2022.
Operação BIG Citros
Uma das principais atividades que deu corpo às ações desenvolvidas até agora foi a Operação BIG Citros, em agosto do ano passado. Ela envolveu conscientização, fiscalização e reforço nas medidas de prevenção e controle do greening, que continuam sendo realizados até agora.
A operação teve o apoio de 40 servidores em 24 municípios dos núcleos de Apucarana, Cornélio Procópio, Ivaiporã, Londrina, Maringá, Paranavaí e Umuarama. Segundo o chefe da Divisão de Sanidade da Fruticultura, da Adapar, Paulo Marques, desde então foram feitas 409 fiscalizações em propriedades com produção comercial de citros, 376 em áreas não comerciais e duas em viveiros clandestinos.
Foram aplicadas mais de 200 notificações para erradicação de plantas sintomáticas ou apresentação de um plano de manejo para o controle do HLB e do vetor. Também foram emitidos 20 autos de infração. “É importante reforçar que o setor privado tem contribuído de maneira integral e contínua para que a atuação do setor público tenha êxito”, afirmou Marques.
Ele acentuou também o trabalho que é realizado visando coibir o comércio irregular de mudas cítricas, uma das vias de disseminação de pragas. “Esse comércio fomenta a implantação de pomares sem acompanhamento técnico adequado, o que é um risco para toda a atividade”, ponderou.
Doença
O greening é uma praga importante devido à severidade, rápida disseminação e dificuldades de controle. No Brasil, a bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus (CLas) é o principal agente. A doença afeta plantas de praticamente todas as espécies cítricas, além da murta (Murraya paniculata), Fortunella spp. e Poncirus spp., e é transmitida pelo inseto asiático dos citros Diaphorina citri Kuwayama.
O HLB afeta seriamente as plantas cítricas, principalmente pela queda prematura dos frutos, que resulta em redução da produção e pode levar à morte precoce. Além disso, os frutos ficam menores, deformados, podendo apresentar sementes abortadas, açúcares reduzidos e acidez elevada, o que deprecia o seu sabor, diminuindo a qualidade e o valor comercial, tanto para consumo in natura como para processamento industrial.
Segundo o chefe do Departamento de Sanidade Vegetal da Adapar, Renato Rezende Young Blood, o greening é uma doença que vem de fora para dentro dos pomares, atingindo com mais intensidade nos primeiros 50 metros. “As pequenas propriedades são mais afetadas por terem mais borda proporcional às suas áreas que as grandes”, disse. “Por isso a importância de se ter um bom trabalho de controle nas bordaduras, que é onde a Adapar age com mais efetividade”.
Controle biológico
Além da proibição de mudas de viveiros irregulares, o uso de quebra-ventos, adensamento do plantio, adubação, irrigação de qualidade e cobertura vegetal também são boas aliadas para o desenvolvimento rápido da planta, reduzindo a exposição ao inseto, visto que a transmissão é mais comum em brotos que em folhas adultas.
O controle do inseto também pode ser feito com a Tamarixia radiata, uma vespa parasitoide criada em laboratório, incluindo o do IDR-Paraná, para ser inimiga biológica do inseto. Desde 2016 foram lançadas mais de 10 milhões de vespas no Paraná em áreas marginais às propriedades comerciais de aproximadamente 60 municípios.
No campo, elas buscam os ninhos da Diaphorina citri para se reproduzir. Depositam seus ovos embaixo das ninfas (forma jovem), que servirão de alimento para as larvas. Cada vespa pode eliminar até 500 insetos Diaphorina citri, promovendo a redução no número de vetores e da incidência da doença.
Com informações da Agência Estadual de Notícias