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Gustavo Comeli traz reflexões sobre cidades, desenvolvimento econômico, inovação, gestão pública e as transformações que estão moldando o futuro

GovTechs: a nova "obra" que as cidades precisam destravar

Smart City Expo Curitiba é um dos espaços onde municípios podem trocar experiências de inovação - Foto: José Fernando Ogura/Prefeitura de Curitiba

Os municípios brasileiros estão diante de uma pergunta inevitável: estão realmente preparados para se transformar?

A cada ano cresce a pressão por serviços públicos mais ágeis, digitais e centrados no cidadão — mas quantas prefeituras possuem um plano estruturado de modernização? Quantas têm projetos priorizados, recursos definidos e governança ativa para revisar e digitalizar sua carta de serviços à população?

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A verdade é que a maioria ainda opera com processos analógicos, sistemas fragmentados e baixa integração entre áreas. Nesse cenário, as GovTechs — startups que desenvolvem tecnologia para resolver problemas públicos — surgem como um caminho concreto de modernização, eficiência e transparência.
Mas afinal, você sabe o que é uma GovTech? E como sua cidade pode aproveitar esse movimento?

Nos últimos anos, o Brasil saiu do discurso e passou a testar e contratar soluções GovTech, abrindo espaço para uma nova geração de serviços públicos digitais, inteligentes e próximos da população. Levantamentos nacionais já apontam centenas de empresas atuando em áreas como gestão, educação, saúde e mobilidade.

O recado para as cidades é direto: quem se preparar juridicamente e operacionalmente vai conseguir testar, escalar e comprar inovação com segurança — reduzindo risco e tempo entre o problema e o serviço funcionando para o cidadão.

O que é GovTech — e por que importa para a cidade

GovTech é tecnologia feita para o setor público: atendimento ao cidadão, arrecadação, saúde, mobilidade, educação, segurança.

A novidade não é só a ferramenta, mas a forma de contratar e medir valor: pilotos com metas claras, contratos por desempenho e resultados mensuráveis.

O arcabouço que “destravou” o jogo

Três pilares viabilizam a compra pública de inovação:

  • Marco Legal das Startups (CPSI) — cria o Contrato Público para Solução Inovadora, permitindo testes em ambiente real, remuneração durante o piloto e posterior contratação se as metas forem atingidas;
  • Lei 14.133/2021 (Nova Lei de Licitações) — moderniza critérios e modalidades (como o Diálogo Competitivo, que permite co-criar soluções com fornecedores);
  • Lei 14.129/2021 (Governo Digital) — orienta serviços digitais, interoperabilidade e experiência do usuário.

Em síntese: hoje dá para provar e comprar inovação com segurança jurídica, medindo valor desde o primeiro dia.

O que as GovTechs estão entregando (e onde aperfeiçoar)

  • Casos com bons resultados: canais 156 com inteligência artificial na triagem de demandas; bairros-laboratório (living labs) para testar iluminação, mobilidade e sensores; conexões com aceleradoras aproximando desafios públicos e fornecedores;
  • Quando o piloto “bate na trave”: instabilidades em picos de acesso, falhas de integração ou ausência de contingência. As lições são conhecidas: SLAs (Acordos de Nível de Serviço, em português), testes de estresse, comunicação e contratos com incentivos bem definidos.

Sandbox municipal: o “terreno de obras” onde a cidade aprende rápido

O sandbox é um ambiente controlado e temporário para testar soluções em escala real, com métricas e salvaguardas jurídicas, técnicas e de dados. Pode ser:

  • Regulatório: regras específicas e prazos de teste para inovação que esbarra em normativas locais (ex.: drones, micromobilidade);
  • Urbano ou living lab: territórios de teste (bairro, corredor, campus) com infraestrutura e usuários reais;
  • De dados: acesso governado e seguro a bases públicas para P&D, respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Publique um decreto do sandbox com escopo, prazos, governança e plano de saída (escala via Contrato Público para Solução Inovadora – CPSI – ou descontinuidade). Conecte segurança e privacidade desde o desenho do piloto.

Como os municípios do Paraná podem se preparar (de verdade) para tirar proveito

Para tirar proveito do ciclo GovTech, os municípios precisam organizar a base institucional: aprovar uma Lei Municipal de Inovação que institua Conselho e Fundo de Inovação; publicar norma local do CPSI (decreto ou instrução) definindo papéis, fluxo de ETP e DOD (documentos de planejamento da contratação), critérios de desempenho no Termo de Referência, comitê técnico e governança de dados aderente à LGPD.

Em paralelo, é essencial consolidar a agenda de Governo Digital, com jornada do usuário, catálogo de APIs e política de segurança da informação.

Depois, instituir um sandbox com prazos, métricas e plano de saída para escala via CPSI ou contratação pela Lei 14.133/2021.

Os editais devem nascer com KPIs (indicadores de resultado), SLAs, plano de contingência e painel público de resultados para transparência.

Mantenha um backlog trimestral de desafios prioritários e conecte-se a hubs de GovTech do Estado para curadoria e coinovação — encurtando o caminho entre problema público e serviço entregue.

Governança municipal de inovação: planejar, priorizar e durar além do mandato

Para a agenda GovTech sair do papel e sobreviver às trocas de gestão, a cidade precisa de governança de inovação com papel claro, ritos estáveis e diversidade de atores.

O conselho municipal de inovação deve ser o órgão que conecta estratégia, orçamento e execução — alinhando Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) — e que transforma problemas públicos em um pipeline contínuo de desafios priorizados, pilotos (sandbox/CPSI) e contratações por desempenho.

O conselho aprova um Plano Municipal de Inovação com metas e indicadores e mantém um backlog de desafios de alto impacto.

As decisões usam critérios objetivos: usuários afetados, custo/benefício, viabilidade e prazo.

Diversidade importa: inclua gestoras e gestores públicos, áreas técnicas, universidades, setor produtivo e sociedade civil, garantindo pluralidade de gênero, raça e território.

Para garantir continuidade, a lei deve prever mandatos escalonados, reuniões regulares, fundo com vinculação orçamentária mínima e relatórios públicos anuais.

Assim, inovação vira política de Estado, não ação de governo.

Checklist 90 dias — cidade GovTech-ready

SemanasAção / EtapaEntregáveis-chave
1–2Governança intersecretarial (Administração, Fazenda, TI, Jurídico, Controladoria)Portaria do GTAgenda quinzenalResponsáveis definidos
3–4Base legal local (minuta da Lei de Inovação com Conselho e Fundo)Minuta de LeiComposição do ConselhoFontes e regras do Fundo
5–6Fluxo do CPSI (Contrato Público p/ Solução Inovadora)Modelos de ETP/DODTR por desempenho Comissão técnica
7–8Decreto de Sandbox (regulatório/urbano/de dados)Escopo e métricasRegras de LGPD/segurançaÁreas de teste
9–10Backlog de desafios (3 problemas de alto impacto)Problemas priorizadosLinha de base de dadosKPIs definidos
11–12Chamada pública (CPSI) + articulação com Hub GovTech PREdital publicadoCronograma do pilotoComitê de acompanhamento
13Operação e escalaSLAs e contingência – Painel de resultados- Plano de contratação (Lei 14.133)

O Hub de GovTechs do Paraná

O Paraná está implantando um Hub de GovTechs, gerido pelo Parque Tecnológico de São José dos Campos, com investimento de R$ 15 milhões em três anos.

A proposta é conectar desafios públicos a soluções de startups, rodar testes via CPSI e escalar o que comprovar valor.

Para as prefeituras, é a pista de decolagem: chegue com lei, conselho, fundo e CPSI prontos, leve 3–5 desafios com linha de base e participe das chamadas do Hub.

E uma provocação final: se você é líder público, leve seu maior gargalo para a mesa do Hub. Se você é empreendedora ou empreendedor GovTech, traga uma solução que mostre valor em 90 dias. O Paraná já ligou a chave — agora é execução com impacto real.

Gustavo Comeli é palestrante e consultor com mais de 20 anos de experiência atuando com estratégia, liderança e inovação. www.linkedin.com/in/luiz-gustavo-comeli/

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