Estados e municípios ganharam, recentemente, a nova edição do Ranking de Competitividade do Centro de Liderança Pública (CLP). O Paraná se manteve em 3º entre os Estados e colocou 13 cidades no top 100.
Acompanhei a divulgação do indicador. A cada nova edição, esse levantamento gera debates importantes, porque vai além de números: ele mostra, com base em indicadores comparáveis, onde cada estado e cidade está avançando — e onde ainda há gargalos.
Neste artigo, trago alguns olhares sobre os resultados, especialmente do Paraná, que novamente aparece em destaque, e das nossas cidades, que ganharam posições relevantes no cenário nacional. Mais do que uma fotografia, o ranking funciona como bússola para orientar políticas públicas, atrair investimentos e mobilizar a sociedade.
O que o ranking mede — e onde o Paraná está
O Ranking de Competitividade dos Estados 2025 avaliou 100 indicadores organizados em 10 pilares – infraestrutura, sustentabilidade social, segurança pública, educação, solidez fiscal, eficiência da máquina pública, capital humano, sustentabilidade ambiental, potencial de mercado e inovação.
Pelo 4º ano seguido, o Paraná é o 3º Estado mais competitivo do país (nota 71,6), atrás de São Paulo (81,0) e Santa Catarina (79,6). O Estado é vice-líder em Sustentabilidade Ambiental, está em 3º em Eficiência da Máquina Pública, 4º em Educação e Capital Humano e 5º em Sustentabilidade Social.
Já o Ranking de Competitividade dos Municípios 2025 avaliou 418 cidades brasileiras com mais de 80 mil habitantes, usando 65 indicadores em 13 pilares agrupados em 3 dimensões: Economia, Instituições e Sociedade. O top 5 nacional ficou com Florianópolis (1º), Vitória (2º), São Paulo (3º), Porto Alegre (4º) e Curitiba (5º) — a capital paranaense subiu duas posições em relação a 2024.
As cidades do Paraná — o mapa 2025
O Paraná colocou 13 cidades no top 100 nacional e 27 no top 500.
Cidade | Posição Nacional 2025 |
Curitiba | 5º |
Maringá | 7º |
Londrina | 39º |
Paranavaí | 40º |
Francisco Beltrão | 41º |
Pinhais | 45º |
São José dos Pinhais | 56º |
Pato Branco | 64º |
Campo Mourão | 66º |
Cascavel | 70º |
Destaques locais
– Curitiba (5º): forte em Máquina Pública e Economia; precisa melhorar na dimensão Sociedade (36º).
– Maringá (7º): nota máxima em saneamento e combate ao desmatamento ilegal.
– Londrina (39º): líder nacional em Funcionamento da Máquina Pública e transparência.
– Paranavaí (40º) e Pato Branco (64º): destaque em Educação (2º e 3º lugar no pilar).
– São José dos Pinhais (56º): maior salto do Paraná, +64 posições puxadas pela saúde.
Quadro — Maiores evoluções (2024 → 2025)
Quem mais subiu:
Cidade | 2024 | 2025 | Diferença |
---|---|---|---|
São José dos Pinhais | 120 | 56 | +64 |
Campo Largo | 137 | 105 | +32 |
Arapongas | 194 | 168 | +26 |
Paranavaí | 57 | 40 | +17 |
Apucarana | 136 | 119 | +17 |
Quem mais caiu:
Cidade | 2024 | 2025 | Diferença |
---|---|---|---|
Sarandi | 239 | 381 | -142 |
Umuarama | 77 | 136 | -59 |
Toledo | 46 | 92 | -46 |
Guarapuava | 164 | 208 | -44 |
Pato Branco | 28 | 64 | -36 |
O que os números nos dizem
O ranking é um raio-x da competitividade, mas também um espelho da gestão pública. Ele mostra que o Paraná tem bases sólidas em sustentabilidade ambiental, eficiência estatal e capital humano, mas ainda precisa traduzir esses fundamentos em ganhos mais claros para a população.
A presença de Curitiba e Maringá entre as dez cidades mais competitivas do Brasil reforça a força dos grandes polos, mas a evolução de municípios como São José dos Pinhais e Campo Largo evidencia que políticas bem direcionadas geram impacto rápido. Em contrapartida, quedas como as de Sarandi, Umuarama e Toledo expõem os riscos da descontinuidade ou da ausência de resultados em áreas críticas.
Outro ponto relevante: as gestões municipais começaram agora em 2025. Isso significa que prefeitos e equipes têm uma janela de três anos pela frente para construir projetos de curto, médio e longo prazo. O ranking deste ano serve como linha de partida, uma fotografia inicial que mostrará, em 2028, quem conseguiu planejar e entregar transformações estruturais e quem permaneceu em ações pontuais.
Portanto, mais do que olhar para a posição atual, a leitura crítica deve provocar uma reflexão: onde queremos estar em três anos? E, principalmente, quais políticas públicas, investimentos e prioridades podem garantir que cada cidade do Paraná não apenas suba no ranking, mas melhore de fato a vida de quem mora nela.
Caminhos práticos — de mapa a execução
O Ranking de Competitividade não se limita às cidades que já aparecem na lista. Pelo contrário: ele é um manual de boas práticas acessível a qualquer município. Mesmo cidades que não atingem os 80 mil habitantes (critério mínimo para avaliação) podem se inspirar nos indicadores e pilares do estudo para planejar políticas públicas, definir prioridades e medir resultados.
Seja na qualificação da máquina pública, no planejamento urbano, no saneamento ou na educação, os critérios usados pelo CLP oferecem uma trilha clara para qualquer liderança municipal que queira transformar o seu território. O recado é simples: não é preciso esperar estar no ranking para começar a agir como uma cidade competitiva.
1. Transformar fundamentos em impacto real. O Paraná já é referência em sustentabilidade e gestão pública. O próximo passo é levar esses resultados para educação de qualidade, saúde preventiva e mais empregos.
2. Replicar boas práticas. São José dos Pinhais mostrou como a saúde pode alavancar competitividade; Londrina, como gestão e transparência fortalecem a máquina pública; Maringá, como saneamento e resíduos impulsionam qualidade de vida. Essas experiências precisam ser compartilhadas.
3. Planejar por horizontes.
- Curto prazo (2025–2026): medidas rápidas com impacto imediato — atenção básica em saúde, digitalização de serviços, gestão de resíduos;
- Médio prazo (2026–2027): consolidação em educação, mobilidade urbana e segurança.
- Longo prazo (2027–2028): projetos estruturantes em inovação, tecnologia e infraestrutura, capazes de posicionar as cidades na próxima década.
Provocação final
Ranking não é vitrine: é roteiro de obra.
Se cada secretaria assumir 3 metas por pilar e publicar resultados de forma transparente, o Paraná transforma posição em qualidade de vida real — e a população terá como acompanhar e cobrar em tempo real.
Se você é líder público, use os critérios do ranking como guia: não espere a próxima edição para agir, comece hoje a estruturar metas claras para sua cidade.
Se você é cidadão, cobre de seus governantes: competitividade não é sobre posições em um relatório, é sobre a qualidade de vida que você experimenta todos os dias.
Para acessar o ranking completo, acesse rankingdecompetitividade.org.br
Gustavo Comeli é palestrante e consultor com mais de 20 anos de experiência atuando com estratégia, liderança e inovação. www.linkedin.com/in/luiz-gustavo-comeli/