Quem viveu a adolescência em Curitiba no início dos anos 1990 sabe como o Paraná foi grande. Aquele pentacampeonato deixando os rivais na poeira mostrou que as palavras do hino “já nasceste gigante” não eram balela.
Só que o “Clube do ano 2000” não honrou o slogan no século XXI. Os sinais de diminuição de importância já vinham há duas décadas e se escancararam depois do rebaixamento para a Série C de 2021. De ali em diante, foi ladeira abaixo até chegar no atual momento em que o time profissional do Tricolor vai ficar mais de um ano sem entrar em campo.
A decisão de não participar da Taça FPF pode fazer todo sentido econômico, mas não faz sentido nenhum pro sentimento do torcedor. Os paranistas colocaram mais de 30 mil pessoas na Arena da Baixada e no Couto Pereira há um ano na campanha do título da Segundona Estadual e agora não podem ver o time em campo antes da próxima edição da Segundona entre abril e maio do ano que vem.
É tempo demais para quem já quase desistiu de ver a equipe nas principais disputas do futebol. A explicação de foco na negociação para virar SAF só será plausível se logo realmente o clube for vendido. No entanto, não existe nenhuma garantia de que a transação irá ocorrer em tempo para cumprir acordos de milhões com a Justiça Trabalhista.
É triste ver que a possibilidade de formar novos torcedores está cada vez mais distante. Meu filho tem 8 anos e cada vez mais interessado por futebol. Recentemente me questionou com um “que time é esse?” quando viu uma camisa do Paraná. Perguntei se conhece algum paranista na escola ou no condomínio e a resposta foi “nunca conheci nenhum”.
É claro que uma venda para investidores que mudem rapidamente o cenário pode alterar a visão. E o passo atrás de agora pode ter tido uma boa razão. Só que qualquer explicação não tira o sentimento do torcedor de que o Paraná virou um clube de futebol que não tem futebol.
Jorge Castilho e Maringá: uma história pra sempre
Foram cinco anos de trabalho do técnico Jorge Castilho no Maringá. Um clube fundado em 2010 e que saiu do anonimato junto com o treinador desde a subida da Divisão da Acesso para a elite estadual. Foram três finais do Paranaense e o acesso da Série D para a C nacional.
Um jeito ousado de se jogar, com marcação individual no campo todo, que não deu resultado em um campeonato de tiro mais longo, como a Terceirona nacional. Mas, com tempo de trabalho e algumas adaptações, pode dar boa em times com elenco de nível acima.
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Robson De Lazzari é jornalista esportivo há mais de 25 anos. Formado pela Universidade Tuiuti do Paraná. Antes mesmo de terminar a graduação já transmitia jogos de futsal e futebol no rádio. Com cursos especializados como da Indústria do Futebol, atuou em cinco emissoras radiofônicas diferentes de Curitiba como repórter.
Também tem experiência em jornal impresso e em portal de notícias pela Gazeta do Povo. Na televisão foi repórter da RPC (afiliada da Rede Globo), SporTV e Rede Massa (afiliada do SBT). Atualmente é comentarista na Rádio Transamérica, na TV Paraná Turismo, na Rede CNT e na FPF TV.