Olá, seja bem-vindo à minha coluna aqui no portal O Luzeiro. A partir de agora, quinzenalmente, trarei reflexões sobre cidades, desenvolvimento econômico, inovação, gestão pública e as transformações que estão moldando o futuro dos territórios — com olhar atento às experiências do nosso Paraná.
A proposta é provocar debates, compartilhar boas práticas, valorizar iniciativas locais e, principalmente, contribuir para que lideranças públicas e privadas encontrem caminhos concretos para construir cidades mais inteligentes, humanas e sustentáveis. Vamos juntos nessa jornada?
Você deve estar acompanhando aqui em O Luzeiro — e em tantas outras fontes confiáveis — uma sequência de bons números sobre o desenvolvimento econômico do nosso Estado. O Paraná vem se destacando nacionalmente por sua pujança: geração de empregos, investimentos recordes, exportações robustas e crescimento acima da média nacional.
Além disso, temos visto muitas cidades paranaenses sendo reconhecidas e premiadas por sua qualidade de vida, por políticas públicas eficientes e por inovações urbanas que as posicionam entre as mais inteligentes do País.
Mas há um fator, muitas vezes pouco falado, que tem sido peça-chave nesse cenário de transformação: os eventos empresariais.
A quantidade — e a qualidade — dos eventos realizados no Paraná é impressionante. Só nos últimos meses, movimentamos milhares de pessoas em encontros de negócios, feiras agroindustriais, fóruns de inovação, congressos técnicos e exposições tecnológicas. Esses eventos não apenas fortalecem o ecossistema local: eles injetam recursos diretamente nas economias das cidades, dinamizam setores como hotelaria, alimentação, mobilidade e comércio, além de gerarem conexões, negócios e parcerias duradouras.
Mais do que uma vitrine, os eventos se tornaram verdadeiros ativos econômicos das cidades, principalmente daquelas que se consolidam como polos do conhecimento, da indústria, do agro, da tecnologia e da inovação.
Esse movimento nos revela algo ainda mais estratégico: as cidades que compreenderam o valor dos eventos não apenas como agenda de calendário, mas como política de desenvolvimento econômico local, estão colhendo frutos concretos.
Ao promover e sediar eventos, muitos municípios do Paraná estão conseguindo reforçar seus arranjos produtivos locais e regionais, valorizar as cadeias produtivas já existentes e atrair novos investimentos. Trata-se de uma escolha inteligente: investir em eventos que estejam conectados com as vocações econômicas do território, gerando empregos, renda e fortalecendo a identidade produtiva local.
É o que vemos, por exemplo, em Cascavel, com o consagrado Show Rural Coopavel, referência nacional em tecnologia para o agro. É o que faz Foz do Iguaçu, que alia sua potência turística natural com uma agenda robusta de eventos técnicos e internacionais, posicionando-se como um hub global. Em Curitiba, a vocação para inovação se traduz no Smart City Expo, o segundo maior evento de cidades inteligentes do mundo. Maringá, além de estar entre as melhores cidades para negócios do Brasil, realiza eventos como o ECOTICNOVA e feiras agroindustriais que movimentam toda a região. Pato Branco, no Sudoeste, vem se destacando com ações locais de fomento à tecnologia, ciência e inovação, reforçando seu papel regional.
Esse mapeamento de oportunidades e vocações tem levado cada vez mais cidades a enxergarem os eventos como estratégia pública: uma ferramenta para promover sua cultura, seu ambiente de negócios e seu potencial econômico.
Na minha visão, o que temos visto no Paraná não é obra do acaso. Esse ambiente de prosperidade é fruto direto de um ecossistema empreendedor e inovador que vem sendo construído há anos — com muito trabalho, colaboração entre instituições e ousadia de quem empreende, pesquisa e investe.
Mas é nas cidades que isso acontece de verdade. É no chão das regiões, nos galpões onde são realizados os eventos, nas universidades que abrem suas portas, nas associações que mobilizam, nas lideranças que acreditam. E por isso, o papel dos gestores públicos locais é absolutamente central.
Promover a cultura empreendedora, valorizar as vocações regionais, impulsionar eventos que gerem negócios e desenvolvimento — tudo isso faz parte de uma política pública moderna e necessária. Cidades que entendem isso não apenas crescem: elas se tornam protagonistas, mais fortes, conectadas e preparadas para o futuro.
A liderança municipal precisa estar atenta. Precisa estar atualizada. Precisa estar conectada com quem faz. Estabelecer ações e políticas que fortaleçam as iniciativas empresariais, abrir espaço para a inovação, para eventos estratégicos, e dar visibilidade ao que já está dando certo nas suas cidades. Porque é nessa convergência entre gestão pública e sociedade civil organizada — empresários, universidades, cooperativas, startups, instituições — que nascem os projetos capazes de transformar realidades locais, gerando desenvolvimento social por meio do desenvolvimento econômico.
Gustavo Comeli é palestrante e consultor com mais de 20 anos de experiência atuando com estratégia, liderança e inovação. www.linkedin.com/in/luiz-gustavo-comeli/