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Comida mais barata? 21 itens da cesta básica já não pagam ICMS no Paraná

Inflação dos alimentos afeta principalmente os mais pobres, que gastam uma fatia maior do orçamento com alimentação - Foto: Foto: Jaelson Lucas/Agência Estadual de Notícias/Arquivo

Os brasileiros vêm sofrendo com altas nos preço dos alimentos, que na média subiram 7,25% no País, segundo a inflação acumulada dos últimos 12 meses terminados em janeiro. Como comparativo, o IPCA – indíce oficial – do mesmo período ficou em 4,56%. Como tentativa para combater o problema, o Governo Federal zerou o Imposto de Importação de nove itens alimentícios (carne, café, açúcar, milho, óleo de girassol, azeite de oliva, sardinha, biscoitos e massas). Além disso, pediu aos Estados que reduzam o seu imposto – ICMS – para contribuir na questão.

Mas ao menos no caso do Paraná, isso já está incluído na conta. Segundo o Governo do Estado, 21 dos 32 itens alimentícios mais consumidos no Brasil já não pagam alíquota de ICMS – no que seria o maior conjunto de isenções do País. Outra diferença é de que o Paraná seria o único Estado que isenta todas as carnes (bovina, suína, de peixe, de frango e ovos) de pagar o imposto sobre o consumo.

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Na inflação acumulada do item 1 do IPCA (alimentação e bebidas), a Região Metropolitana de Curitiba até conta com índice menor que o nacional, de alta de 6,35% nos últimos 12 meses, terminados em janeiro.

Mas, quando analisamos alguns dos personagens principais da alta dos alimentos, a situação se inverte. No caso do café moído, por exemplo, consumidores da RMC sentiram alta média de 55,65%, ante 50,35% dos brasileiros. No do azeite de oliva, a alta para curitibanos foi de 28,66%, ante 17,24% na média nacional.

Os efeitos da isenção para importação

De acordo com a especialista tributária Maria Carolina Gontijo, os itens isentados pelo Governo Federal representam uma parcela insignificante das importações brasileiras e não devem surtir impacto na inflação dos alimentos.

Segundo ela, sequer uma possível isenção do ICMS surtiria o efeito desejado. Ela inclusive cita o caso de outros países que fizeram isso, e falharam – como Portugal, Espanha e Alemanha – para exemplificar a dificuldade de atuar nesses preços, pela sua complexa formação.

Por outro lado, a medida federal gerou reação do Agro brasileiro, setor que historicamente é fortemente protegido da concorrência externa.

Na Assembleia Legislativa do Paraná, o deputado Moacyr Fadel (PSD) criticou as medidas adotadas para tentar reduzir o preço de alimentos, afirmando que “mais uma vez a conta vai sobrar para o produtor”.

Para Fadel, que é representante da região de Castro, nos Campos Gerais, “o impacto será mínimo no valor dos alimentos, mas irá diminuir a competitividade de produtos nacionais no mercado interno”. Os Campos Gerais concentram a maior parte da produção de latícinios no Paraná.

No entanto, é importante destacar que o Agro argumenta que a atual safra vai resolver parte dos problemas com o preço de alimentos, com a normalização da oferta.

Quem paga imposto sempre é o consumidor

No ano passado, a pedido do Governo do Paraná, a Assembleia aprovou a taxação de importados do setor de laticínios, para “proteger” a indústria paranaense. A justiticativa foi barrar a entrada de leite em pó vindo do Mercosul no Estado, mas as alíquotas também foram aplicadas ao queijo muçarela (7% de ICMS).

Em seu informe sobre quantos produtos da cesta básica são isentos no Estado, o Governo do Paraná também recorreu a uma falácia comum quando se fala de impostos e tributos. Destacando que apenas 35% dos itens da cesta básica pagam ICMS no Estado, o texto publicado pela Agência Estadual de Notícias destaca: “Entretanto, a venda da cesta básica no Paraná é isenta para o consumidor final, ou seja, ele não paga o ICMS dos itens, ficando a cargo do comerciante o pagamento do imposto“.

Assim como na proteção aos produtores de laticínios; na “Taxa das Blusinhas”, que tributou encomendas vindas da China, e das tarifas impostas a produtos de vários países do mundo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quem paga a conta sempre é o consumidor final.

A questão é ponto pacífico entre tributaristas, e alvo de intensa discussão no País, mais notadamente quando a primeira-dama, Janja Lula da Silva, afirmou que a taxa de importação imposta aos produtos chineses de Shein, Shopee e Aliexpress seria paga pelas empresas – e não pelos brasileiros. Ela foi desmentida de forma categórica por especialistas da área.

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