O União Brasil não tem mais nenhum vereador na Câmara de Curitiba. O partido, que até o começo da semana era a maior bancada da Casa, foi atingido por uma desfiliação em massa, ocorrida nesta terça-feira (12). Ao todo, oito parlamentares deixaram a sigla – João das 5 Irmãos, Mauro Ignácio, Rodrigo Reis, Sabino Picolo, Sargento Tânia Guerreiro, Serginho do Posto, Toninho da Farmácia e Zezinho do Sabará. A justificativa para a saída vai de desavenças com o diretório municipal do partido até o desejo de permanecer na base do prefeito Rafael Greca (PSD) e apoiar o seu candidato a prefeito nas eleições de outubro, o vice Eduardo Pimentel (PSD).
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Os parlamentares aproveitaram a janela partidária, que dá a oportunidade para políticos eleitos via voto proporcional – o que leva em conta a legenda – para trocar de partido. Para 2024, o prazo vai de 7 de março a 5 de abril.
O diretório municipal do União Brasil em Curitiba é presidido pelo deputado estadual Ney Leprevost, que se coloca como pré-candidato na disputa pela Prefeitura de Curitiba. Ele foi derrotado por Greca no segundo turno em 2016 e mantém o sonho de governar a capital.
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Com a proximidade da janela partidária, o diretório municipal do União Brasil começou a ameaçar abertamente os vereadores de expulsão por “desalinhamento” com os objetivos do partido. Entre as justificativas estava até a falta de apoio ao senador Sergio Moro, que foi eleito pela legenda e está sob ameaça de cassação na Justiça Eleitoral. Procurado, o deputado se pronunciou por meio de uma nota.
“Não tenho nenhuma animosidade com eles, alguns até são meus amigos queridos. A questão é meramente política. Eles são do grupo do prefeito e necessitam do apoio da máquina municipal para se reeleger. Então, precisam ir para partidos da base do prefeito. O União Brasil foi franco com eles e fico feliz que tenham entendido o posicionamento do partido e saído sem nos obrigar a criar conflitos judiciais”, afirmou no texto.
Apesar da movimentação ativa em relação aos vereadores, o maior desafio de Leprevost para viabilizar a candidatura segue sendo interno. A nível estadual, o União é comandando pela família Francischini, que já se comprometeu com o apoio a Eduardo Pimentel.
Do lado dos parlamentares curitibanos, a desfiliação em massa da última terça foi apontada como uma forma de evitar a expulsão. “Já havia um desânimo de muitos vereadores da maior base ali da Câmara Municipal, da qual eu era líder. Há mais de um ano eles fazem reuniões do diretório municipal e não convidam nenhum vereador da capital. Nenhum partido, numa eleição municipal, sobrevive sem a participação dos vereadores”, disse Rodrigo Reis a O Luzeiro.
Reis, que era o líder do partido na Câmara, fez críticas a forma como Leprevost comanda o diretório municipal, mas também destacou que a adesão do União ao governo Lula, com comando até de ministérios, foi um dos motivos que o levou a deixar o partido. Ele foi eleito originalmente pelo PSL, um dos dois partidos que gerou o União, e atua de forma fiel ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As ameaças feitas abertamente pelo diretório municipal podem, inclusive, ter aumentando o tamanho da perda do União na Câmara da capital. Segundo Serginho do Posto, se ainda havia algum parlamentar disposto a ficar, a carta publicada pelo diretório municipal solicitando que os vereadores saíssem do partido foi a gota d’água.
Dois partidos em um e a fidelidade a Greca
O União Brasil é resultado da fusão de outros dois partidos – Democratas e PSL. E isso gerou consequências. Eleito em 2020 pelo DEM, o prefeito Rafael Greca migrou para o PSD. E parte dos vereadores faz, agora, o mesmo movimento.
Sabino Picolo e Serginho do Posto, ambos eleitos pelo DEM, estão nessa categoria. Ouvidos por O Luzeiro, ambos disseram que estavam no União Brasil por ocasião, pois eram originalmente filiados ao Democratas.
“Simplesmente estamos acompanhando o prefeito, pois nos elegemos todos juntos, pelo Democratas”, explicou Picolo.
“Não fui eleito pelo União Brasil, fui eleito pelo Democratas, partido do prefeito Rafael Greca. Estava no União Brasil por ocasião de uma fusão. Quando ela aconteceu, não vimos necessidade de trocar de partido, preferimos esperar e analisar a situação, pois seguíamos na base. Com a proximidade da eleição municipal e a indefinição de para onde vai o apoio do União Brasil, aproveitamos a janela partidária para seguir com o grupo do prefeito”, disse Serginho.
Para onde vão os vereadores do União?
Se há uma certeza é a que os vereadores recém-saídos do União Brasil vão migrar para partidos que apoiem o prefeito Rafael Greca e a candidatura de Eduardo Pimentel nas eleições de 2024.
No caso dos eleitos originalmente pelo Democratas (Mauro Ignácio, Sabino Picolo, Serginho do Posto e Toninho da Farmácia) a tendência é que sigam o prefeito e filiem-se ao PSD.
No caso dos outros quatro, os destinos apontados variam, passando por Podemos, Republicanos e o recém-criado PRD – Partido da Renovação Democrática, que é fruto da fusão entre PTB e Patriota.