A preocupação com a qualidade da água de um córrego no entorno do Colégio Estadual Herbert de Souza, localizado no bairro Jardim Veneza, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), mobilizou estudantes e professores em uma iniciativa que integra pesquisa científica, educação ambiental e participação social.
Por meio de um projeto de monitoramento hidrológico desenvolvido em sala de aula, os alunos realizam coletas sistemáticas de amostras, medem parâmetros físico-químicos e registram indicadores biológicos. Com este mapeamento, o objetivo é identificar as áreas de maior degradação, compreender os fatores de impacto e gerar subsídios técnicos para a formulação de políticas de mitigação e restauração ambiental voltadas à recuperação do curso d’água.
O projeto nasceu a partir da iniciativa da própria comunidade escolar. O Rio Avril faz parte da rotina e do território familiar aos estudantes que, no dia a dia, notavam o cheiro forte vindo do córrego, especialmente nos dias quentes.
“Percebemos que aquele incômodo esconde informações importantes sobre a saúde ambiental do rio e sobre o impacto das ações humanas. É uma oportunidade perfeita para transformar essa preocupação em pesquisa, aproximando os estudantes da ciência e da realidade ambiental que os cerca”, ressalta a professora de Química Pauline Henrique Fernandes, responsável pela proposição do projeto.
Da inquietação à ação
A inquietação virou projeto. A partir dos estudos aplicados nos componentes curriculares ligados às áreas de química e ciências, 25 alunos do Ensino Médio, com idades entre 14 e 17 anos, aprenderam a testar parâmetros químicos (pH) usando solução de repolho roxo, um indicador ácido-base natural.
“O pigmento presente nas folhas, as antocianinas, reage com substâncias ácidas ou básicas e altera sua coloração conforme o pH, permitindo identificar, de forma simples e visual, se a água apresenta características mais ácidas, neutras ou alcalinas”, explica a docente.
A experiência permitiu aos estudantes analisarem parâmetros físicos, como cor, temperatura e transparência da água. Para tornar as medições mais precisas, eles construíram instrumentos próprios, entre eles um turbidímetro artesanal, utilizado para avaliar o grau de turbidez da água.
As informações coletadas foram, então, estruturadas em tabelas, que permitiu serem identificadas alterações significativas que comprometem o córrego, como a coloração da água, turbidez elevada, redução da vida aquática e sedimentos acumulados nas margens. Além disso, notou-se que a ausência de mata ciliar e o despejo irregular de resíduos agravam a situação.
O projeto também avança no campo social, com o objetivo de envolver mais turmas e transformar o entorno do rio em laboratório vivo. A intenção é articular diferentes componentes curriculares, estimulando o aprendizado prático.
A iniciativa prevê a estruturação das plantas do cinturão verde em parceria com moradores, bem como a aproximação com a prefeitura e o horto municipal. Assim, o que começou em sala de aula vira impacto territorial, com potencial de contribuir para a recuperação ambiental e o fortalecimento da consciência coletiva.
Com informações da Agência Estadual de Notícias


