O Governo do Paraná lançou nesta quarta-feira (10), em Curitiba, a nova etapa do Programa Olho Vivo, com investimento de R$ 400 milhões para a implementação de mais 21,5 mil câmeras de monitoramento pelo Estado, que irão se somar às 5 mil existentes. A iniciativa também contará com a integração de tecnologias de Inteligência Artificial (IA) ao sistema estadual de videomonitoramento.
Até o início de 2026, serão instaladas 1.500 novas câmeras inteligentes adquiridas pelo governo, com entregas mensais cerca de 300 unidades. O plano completo, porém, prevê a expansão para 26.500 câmeras nos próximos anos – sendo 20 mil compradas pelos municípios com recursos estaduais e outras 5 mil já em operação pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).
A intenção, com a incorporação de tecnologias de IA, é passar para um modelo de investigação assistida, no qual as câmeras deixam de depender exclusivamente do monitoramento humano. A partir da integração de sistemas inteligentes, será possível pesquisar características específicas de pessoas e veículos, rastrear rotas, consolidar informações de diversos pontos e emitir alertas automáticos às forças de segurança. Um projeto-piloto está em teste em Almirante Tamandaré desde agosto e será expandido a partir de agora para todos os 399 municípios do Paraná.
O programa é coordenado de forma integrada pela Secretaria da Segurança Pública (Sesp), Secretaria das Cidades (Secid) e a Superintendência-Geral de Governança de Serviços e Dados (SGSD). A arquitetura tecnológica foi desenvolvida pela superintendência a partir de sistemas que seguem padrões internacionais de segurança da informação, com foco para operação em grande escala.
Com a ampliação, o Paraná passa a adotar tecnologias semelhantes às usadas no Reino Unido, Singapura e Estados Unidos, com a promessa de sistemas capazes de consolidar grandes volumes de dados e apoiar a tomada de decisão em tempo real. O governo ainda garante que a solução aplicada no Paraná respeita as determinações da Lei Geral de Proteção aos Dados Pessoais (LGPD).
As imagens captadas ficarão armazenadas por 90 dias, com possibilidade de ampliação conforme critérios legais e de investigação. Em fases futuras, o sistema também permitirá o monitoramento de agressores de mulheres e de pessoas com tornozeleira eletrônica.
De acordo com o secretário de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, a tecnologia não substitui o trabalho dos agentes, mas expande significativamente a capacidade de monitoramento. Ele também enfatizou que a integração da rede estadual e municipais é um diferencial do Paraná. “A IA vem para somar ao agilizar o cercamento digital, mas o policial continua sendo fundamental”, afirmou.
Operação a nível municipal e integração estadual
O modelo de contratação prevê repasses a fundo perdido, via Secretaria das Cidades, para que os municípios comprem as câmeras dentro das especificações técnicas estabelecidas pelo programa, além da cessão dos softwares que garantem a integração completa da rede.
Os municípios participarão da expansão mediante manifestação de interesse à Secretaria da Segurança, devidamente justificado a partir da realidade local, com auxílio dos órgãos estaduais. A secretaria definirá o número ideal de câmeras por cidade, levando em conta indicadores de criminalidade, fluxo de pessoas e áreas estratégicas, além de participar da definição dos pontos de instalação por meio das forças policiais locais e regionais.
Além das áreas urbanas, as câmeras também serão instaladas em rodovias devido ao sistema de reconhecimento de pessoas e placas, o que permitirá mais efetividade na busca e recuperação de veículos, criminosos com mandados de prisão em aberto e busca ativa de pessoas desaparecidas.
A integração dos sistemas municipais à plataforma estadual ficará a cargo da Superintendência-Geral de Governança de Serviços e Dados (SGSD). O programa também contempla capacitação das equipes que irão operar o sistema.
Segundo Leandro Moura, superintendente-geral de Governança de Serviços e Dados, a nova etapa do Olho Vivo terá um modelo de investigação assistida baseado em parametrização e treinamento de algoritmos. “A ferramenta passa a investigar sozinha e gerar alertas automáticos, permitindo que o policial aja com mais rapidez e precisão”, disse.

Implantação começará por RMC e Litoral
Na primeira fase oficial, a instalação contempla a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e o Litoral do Paraná, com reforço específico durante o Verão Maior Paraná, quando milhares de pessoas devem descer para as praias paranaenses.
Até o momento, 22 cidades já estão aptas a receber as câmeras, cuja implantação depende da adesão das prefeituras: Curitiba, Araucária, Fazenda Rio Grande, Piraquara, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Pinhais, Colombo, Paranaguá, Pontal do Paraná, Guaratuba, Morretes, Matinhos, São José dos Pinhais, Guarapuava, Ponta Grossa, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Umuarama e Guaíra. Juntas, elas somam uma população de 5,8 milhões de habitantes, cerca de 50% do Estado.
O processo de modernização também envolve a reforma completa do Centro de Operações da Polícia Militar (Copom), em Curitiba, que abrigará uma das principais centrais de monitoramento inteligente do Estado. Ao todo, serão oito centrais conectadas ao Olho Vivo, além da integração progressiva das 43 salas já existentes em convênio com prefeituras.
Com informações da Agência Estadual de Notícias


