Um hidrogel produzido a partir da pele de tilápia, desenvolvido em parceria entre o Campus de Jandaia do Sul da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), vai receber um investimento de R$ 200 mil do Governo do Estado.
A iniciativa foi uma das dez selecionadas para receber o recurso, que é fornecido via o Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime), da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). A modalidade onde a iniciativa concorreu foi a para elaborar produtos veterinários inovadores.
O produto selecionado é um gel de base aquosa, de fácil aplicação, utilizado no tratamento de cães com feridas abertas. A formulação é desenvolvida a partir da hidrólise (processo de quebra das macromoléculas de proteína) da pele de tilápia, e é por meio da hidrólise que a substância fundamental do produto é revelada: os peptídeos da pele de tilápia.
São os peptídeos (pequenas cadeias de compostos orgânicos) que reservam as propriedades nutricionais e bioativas poderosas para o organismo, auxiliando na cicatrização e regeneração de tecidos, além de poder ter outras aplicações, como em aditivos alimentícios e produtos cosméticos.
No dia 30 do último mês, em Guarapuava, os representantes das três universidades estiveram presentes para aceitar os recursos destinados ao projeto, patenteado como “Formulações para Aplicação Tópica de Hidrolisado Oriundo de Pele de Tilápia”.
Foi por meio do patenteamento que o produto pôde receber o investimento do programa, tornando possível que o conhecimento produzido dentro das universidades pudesse ser transferido de forma segura para empresas ou instituições parceiras, que incentivam e investem na criação de novos produtos, não deixando de assegurar os direitos dos pesquisadores e instituições de origem.
União entre universidades paranaenses
O projeto nasceu em 2019, como objeto de iniciação científica da então estudante de Engenharia de Alimentos da UFPR – Jandaia do Sul, Beatriz Rocha, que fez parte do Laboratório Fenn de Espectrometria de Massas (LabFenn). A ideia nasceu a partir da investigação de artigos científicos pela aluna, que propôs a reprodução do processo de hidrólise na pele de tilápia e foi incentivada pelos professores do LabFenn, Valquíria Moraes, Eduardo Meurer e Simão Nicolau.
Em 2021, a pesquisa foi expandida dentro do mestrado do médico-veterinário Rodrigo Tozetto, da UEPG, orientado pelo professor Flávio Beltrame. Dois anos depois, o tema se tornou o doutorado de Tozetto, sob coorientação de Beltrame e da professora Priscileila Ferrari. Parte da pesquisa também compôs o doutorado em Química da pesquisadora Evelin Olivera, da UEM, orientada pelos professores Wilker Caetano e Eduardo Meurer (UFPR).
A tarefa de aproximar o produto inovador do empreendedorismo ficou incumbida ao professor Flávio Beltrame. Atualmente, o desenvolvimento das formulações farmacêuticas com os peptídeos da pele de tilápia geram um convênio entre a UEPG e o Centro de Referência de Animais em Risco (CRAR), da Prefeitura de Ponta Grossa.
Em 2024, a equipe de pesquisadores já havia recebido o apoio da UFPR para patentear o produto, levando um auxílio de R$ 50 mil para o escalonamento na produção do hidrogel. Agora, o projeto nascido em Jandaia do Sul pôde receber o quádruplo do valor para investir na elaboração de novos produtos.
Com informações da UFPR