A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) confirmou, na terça-feira (7), mais um caso de intoxicação por metanol no Estado. O registro diz respeito a um homem de 36 anos. Ao todo, o Paraná tem três casos confirmados, todos em Curitiba. Os pacientes permanecem internados e recebem acompanhamento médico especializado.
Entre os casos que estavam sob investigação, a Sesa descartou as notificações de Foz do Iguaçu e Cruzeiro do Oeste, após os exames laboratoriais não detectarem a presença de metanol. Na segunda-feira (6), a Sesa recebeu e já descartou um caso de um paciente residente em Ponta Grossa, que não apresentou critérios clínicos nem laboratoriais compatíveis com intoxicação por metanol. O paciente foi atendido em um serviço de saúde do município e recebeu alta no mesmo dia.
Permanecem em análise dois casos: um de Maringá (homem de 27 anos, internado em um serviço de saúde da região) e outro de Toledo (homem de 27 anos, também hospitalizado). Ambos aguardam o resultado dos exames laboratoriais.
Antídoto
Desde sábado (4,) o Ministério da Saúde enviou ao Paraná 220 ampolas do antídoto utilizado no tratamento de intoxicações por metanol, que consiste em etanol farmacêutico. O produto é encaminhado diretamente ao hospital que está atendendo o caso notificado pelo Estado ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) nacional.
Cada caso é avaliado individualmente, com base em critérios clínicos e laboratoriais, para definir a quantidade necessária de antídoto. O protocolo prevê uma dose inicial, chamada de “dose de ataque”, calculada conforme o peso do paciente, e uma dose de manutenção, que pode se estender de algumas horas até 24 horas.
Em situações graves, por exemplo, um paciente de 100 quilos com necessidade de manutenção por 24 horas pode requerer até 100 ampolas em um único tratamento. Por esse motivo, não é possível determinar previamente a quantidade exata de antídoto utilizada em cada caso, já que o cálculo depende de parâmetros clínicos, laboratoriais e da resposta individual do paciente.
Dois pacientes do Paraná já receberam o antídoto. O Estado aguarda um novo envio do medicamento por parte do governo federal.
Sintomas e sinais de alerta
Os principais sintomas devido à intoxicação por metanol podem aparecer entre 12h e 24h após a ingestão da substância. Neste momento em que há uma alta nas notificações, é importante redobrar a atenção porque os sinais se associam aos de uma ressaca comum: dor abdominal, visão adulterada, confusão mental e náusea.
Sintomas iniciais (6 a 24 horas após a ingestão)
- Dor de cabeça (cefaleia).
- Náuseas e vômitos.
- Sonolência e falta de coordenação (semelhante a uma forte embriaguez ou ressaca grave).
- Tontura e confusão mental.
Sintomas graves e tardios (após 24 horas)
- Dor abdominal intensa: um sinal de alerta de emergência.
- Alterações visuais: visão turva, fotofobia (sensibilidade à luz), visão embaçada, percepção de “campo nevado” ou pontos escuros e, em casos graves, cegueira repentina em ambos os olhos.
- Dificuldade respiratória e hiperventilação.
- Convulsões e coma.
Em casos de sintomas, os pacientes devem procurar um serviço de saúde imediatamente. Todos os casos suspeitos de intoxicação por metanol devem ser reportados e discutidos com um dos quatro Centros de Informação e Assistência Toxicológica do Paraná, que irão orientar sobre a conduta clínica e notificar imediatamente a Sesa por meio da Rede CIATox do Paraná.
- CIATox Curitiba: 0800 041 0148
- CIATox Londrina: (43) 3371-2244
- CIATox Maringá: (44) 3011-9127
- CIATox Cascavel: (45) 3321-5261
Medidas de prevenção
A Sesa orienta que a população tome alguns cuidados ao ingerir bebidas alcoólicas:
- Adquira bebidas apenas de estabelecimentos confiáveis.
- Fique atento a preços muito abaixo do normal.
- Verifique se o líquido contém partículas ou impurezas, que podem ser indicativos de contaminação.
- Confira se o lacre está intacto. Lacres rompidos ou tortos são pontos de atenção.
- Desconfie de rótulos mal aplicados, com erros de ortografia ou informações borradas, que podem indicar falsificação.
- Procure o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) na embalagem.
- Em destilados, confira o selo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), geralmente colocado próximo à tampa. A ausência pode indicar que a bebida não passou pela fiscalização brasileira.
- Ao adquirir bebidas alcoólicas para comercialização, os estabelecimentos devem exigir a nota fiscal de seus fornecedores, garantindo a procedência e a rastreabilidade das bebidas.
- Em caso de suspeita de intoxicação, o paciente deve procurar o serviço de saúde o mais rápido possível.