O turismo global está passando por uma profunda transformação. Não basta mais um destino oferecer belezas naturais ou patrimônio cultural – os visitantes contemporâneos buscam experiências integradas, personalizadas e facilitadas pela tecnologia. É nesse contexto que surge o conceito de Destinos Turísticos Inteligentes (DTI), uma abordagem que pode revolucionar o desenvolvimento turístico dos municípios paranaenses.
Um DTI é um território inovador, acessível a todos, consolidado sobre uma infraestrutura tecnológica que garante o desenvolvimento sustentável, facilita a interação do visitante com o entorno e melhora a qualidade da experiência turística e a qualidade de vida dos residentes.
Diferente do conceito de “cidades inteligentes”, que foca na melhoria da gestão urbana e serviços para os cidadãos, o DTI coloca o turista no centro da estratégia, sem esquecer os benefícios para a comunidade local. Não se trata apenas de aplicar tecnologia, mas de repensar todo o modelo de gestão turística.
Para se tornar um DTI, um destino precisa trabalhar em quatro dimensões fundamentais: inovação, tecnologia, acessibilidade e sustentabilidade. O processo de transformação começa com um diagnóstico da situação atual do destino, seguido pela implementação de infraestrutura digital básica, como Wi-Fi em áreas turísticas e sistemas de informação.
Outro ponto crucial é o desenvolvimento de experiências inovadoras, como uso de realidade aumentada em atrativos históricos ou aplicativos de interpretação ambiental em trilhas ecológicas.
Apesar do potencial, os municípios enfrentam desafios para implementar o modelo DTI. Limitações orçamentárias, resistência à mudança e necessidade de capacitação técnica são alguns dos obstáculos apontados por gestores municipais de turismo.
Para superar essas dificuldades, instituições como Sebrae, universidades e o Governo do Paraná têm oferecido programas de capacitação e consultoria aos municípios interessados em iniciar a jornada DTI.
Especialistas apontam que o Paraná tem condições privilegiadas para desenvolver DTIs em diferentes contextos: desde grandes centros urbanos como Curitiba e Londrina até pequenos municípios históricos como Morretes e Antonina, passando por destinos naturais como Vila Velha e Cânion Guartelá.
O momento para iniciar essa transformação é agora. Com planejamento adequado e cooperação entre os diversos setores, o Paraná pode se posicionar na vanguarda desse novo modelo de desenvolvimento turístico no Brasil.
Gislaine Queiroz é turismóloga pela UFPR, CEO da Única Recepção e presidente do Curitiba Convention gestão 23/24 e 25/26. www.linkedin.com/in/gislainequeirozunica/