Sol, chuva, frio ou calor. Seja qual for a estação, os agricultores estão sempre no campo, cultivando frutas, verduras e legumes que abastecem a mesa das famílias paranaenses. É ali, na terra, que começa o ciclo mais importante da Ceasa Paraná: o ciclo do alimento.
Esse ciclo ganha ainda mais relevância no mês em que se lembra o Dia Internacional contra o Desperdício de Alimentos. A data convida o mundo inteiro a refletir sobre a responsabilidade de dar valor a tudo que brota da terra e, principalmente, sobre o impacto que o desperdício gera na sociedade.
Todos os dias, milhares de toneladas de hortifrutigranjeiros chegam frescos às unidades da Ceasa, vindos do trabalho incansável de agricultores e produtores. Antes, o que não era comercializado simplesmente tinha como destino o lixo. Hoje, esse alimento encontra novos caminhos por meio do programa Banco de Alimentos Comida Boa.
Só em 2024, mais de 7 milhões de kg de frutas, verduras e legumes deixaram de ser desperdiçados e chegaram às mesas de famílias cadastradas e de instituições sociais. Uma delas é o Instituto Peniel, em Curitiba. “Muita coisa que poderia ser jogada fora chega aqui e se transforma em refeições para quem não teria o que comer. Isso muda vidas todos os dias”, me contou a Mônica, uma das responsáveis pela instituição.
A ONG Manmah Para Todos, na Vila Torres, na capital também recebe as doações do Comida Boa. “Nossa comunidade é muito carente e boa parte das famílias não teria condições de comprar frutas e verduras. O Banco de Alimentos é que garsnte uma alimentação mais saudável. E vem muita variedade, isso é fundamental”, me disse a Andrielle Moraes de Britto, que é presidente da organização.
O que não pode ser consumido in natura ainda serve para outro destino nobre: os animais. Desde 2023, uma parceria com o Criadouro Onça Pintada, em Campina Grande do Sul, já destinou mais de 620 toneladas de alimentos para cerca de 3 mil animais. Em média, são 20 toneladas de frutas, verduras e legumes por mês que, em vez de irem para aterros, ajudam a compor uma dieta balanceada para aves, mamíferos e roedores.
E o ciclo continua. O que já não serve nem para pessoas, nem para animais, é encaminhado para a produção de biogás em parceria com a Sanepar. O resíduo orgânico é triturado, peneirado e levado a tanques, onde bactérias transformam a matéria em gás. Esse biogás, depois de purificado, gera energia elétrica que abastece casas dos paranaenses. A parte sólida, por sua vez, volta para a terra como adubo por meio da compostagem. Um ciclo que une sustentabilidade, solidariedade e respeito e que transforma o que poderia ser desperdício em vida.
O trabalho vai além da logística: esse é o ciclo que acontece na Ceasa Paraná. Aqui, o alimento é respeitado. Ser grande não é questão de números, e sim de valores. E é por isso que somos referência para todo o País.
Éder Bublitz é diretor presidente da Ceasa