A queda de produção do Coritiba é causada única e exclusivamente por problemas do time dentro de campo. O ataque ineficaz não funcionava nem quando a defesa estava quase intransponível. Agora, que o sistema defensivo tem falhado, a falta de gols marcados começa a saltar aos olhos.
A diferença para o quinto colocado, que já foi de nove pontos, caiu para apenas dois depois da derrota para o Criciúma no Couto Pereira. São três rodadas seguidas sem marcar gols, e nem o número de chances criadas e desperdiçadas em partidas anteriores serve de explicação.
Nos primeiros sete jogos da campanha em casa, o Coxa teve quase 100% de aproveitamento com seis vitórias e um empate. Mas, nos sete jogos seguintes como mandante, o Verdão só venceu um, contra a Ferroviária. No restante, duas derrotas e quatro empates.
Até agora, elenquei tudo quanto é tipo de problema que o Coritiba teve como time para o impacto na tabela. Exatamente para deixar bem claro que a torcida, que tem a melhor média de presença da Série B, não tem responsabilidade alguma.
Na entrevista coletiva pós-derrota para o Criciúma, o técnico Mozart analisou o comportamento da torcida. Curitibano do Boqueirão e cria das bases de Paraná e Coritiba na década de 1990 quando atleta, disse conhecer bem a cidade para avaliar que está sendo xingado prioritariamente por fãs do Cabral e do Batel e não pelos que vêm do Boqueirão, Sítio Cercado e Uberaba.
Em um primeiro momento, foi até difícil entender o que Mozart quis dizer. Mas, apurando nos bastidores, ele classificou que os torcedores dos setores mais elitizados do estádio reclamam de uma maneira excessiva e os dos setores menos caros apoiam mais.
Um raciocínio que pode ter sua lógica para o treinador do Coritiba, mas é totalmente descabido para o momento. Uma torcida que viu o time quase parar de ganhar, principalmente em casa, não merece ouvir esse tipo de análise social e geográfica, que muito mais divide do que une.
O tempo é de pedir ainda mais apoio do torcedor para uma reta final de campeonato que promete ser cada vez mais difícil. Portanto, ainda está em tempo de Mozart rever essa posição e deixar o bairro de cada torcedor pouco influenciar em qualquer comentário.
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Robson De Lazzari é jornalista esportivo há mais de 25 anos. Formado pela Universidade Tuiuti do Paraná. Antes mesmo de terminar a graduação já transmitia jogos de futsal e futebol no rádio. Com cursos especializados como da Indústria do Futebol, atuou em cinco emissoras radiofônicas diferentes de Curitiba como repórter.
Também tem experiência em jornal impresso e em portal de notícias pela Gazeta do Povo. Na televisão foi repórter da RPC (afiliada da Rede Globo), SporTV e Rede Massa (afiliada do SBT). Atualmente é comentarista na Rádio Transamérica, na TV Paraná Turismo, na Rede CNT e na FPF TV.