O deputado estadual Ricardo Arruda (PL) teve a palavra cassada na Assembleia Legislativa nesta terça-feira (16). Após falar no início da tarde, ele pediu a palavra posteriormente para justificar o uso da expressão “bruxa” que usou para atacar a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). E acabou provocando a bancada feminina na Casa.
Ainda na primeira fala, ele recebeu um aparte da deputada Cristina Silvestri (PP), que pediu respeito às mulheres e que o ataque fosse retirado das notas taquigráficas da sessão. E foi duramente atacada pelo deputado bolsonarista. “Eu tenho que me preocupar se vou chamar ela de Cinderela ou de bruxa?”, disse, ressaltando que teria coisas mais importantes para se preocupar.
A presidente em exercício da sessão, Flavia Francischini (União Brasil), afirmou que as expressões seriam retiradas, quando deu o aviso que Arruda tinha um minuto para concluir sua fala. O líder da oposição, Arilson Chiorato (PT), reforçou o pedido feito por Silvestri, estendendo a retirada dos registros também dos ataques feitos por Arruda contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi chamado de “cachaceiro”.
No início da sessão adiantada de quarta-feira (17), Arruda falou de novo no pequeno expediente, dando uma definição do adjetivo “bruxa”, colocando-o como sinônimo de “feia” ou “mal humorada”. Completou dizendo que pedia perdão às “bruxas que se sentiram ofendidas”.
Após a colocação, Arruda despertou a revolta de deputados e deputadas e teve a palavra cassada pelo presidente Alexandre Curi (PSD).
“Eu peço respeito de vossa excelência. Já pedi para tirar das notas taquigráficas. Vossa excelência faz uso da tribuna novamente, repete as mesmas palavras, ofende ao Plenário, ofende as mulheres. Eu peço respeito à vossa excelência. Está cassada a sua palavra, deputado Missionário [Ricardo Arruda]”, disse ele.
A deputada Ana Júlia (PT) pediu posteriormente que as falas do deputado do PL fossem mantidas nas notas taquigráficas, pois quer fiquem registradas para medidas posteriores. Ela também cobrou que fosse aplicada uma advertência verbal ao colega, algo que é permitido pelo novo Código de Ética da Assembleia, aprovado recentemente.
A deputada Mabel Canto (PP) afirmou que a bancada feminina da Casa vai ao Conselho de Ética contra as falas do deputado Ricardo Arruda. “Ele acaba de chamar as parlamentares de bruxas aqui dentro. E isso não pode acontecer”, disse ela.
Ricardo Arruda interrompeu a colega e negou ter chamado as deputadas de bruxas e deu início a um bate-boca que levou à suspensão da sessão por alguns minutos.