A baixa temperatura registrada no dia da explosão ocorrida na fábrica da empresa Enaex, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, — cerca de 3°C no momento da explosão — pode ter contribuído de forma significativa para o incidente, em agosto. A conclusão é da Polícia Científica do Paraná, que entregou, depois de 19 dias, o laudo que identifica as prováveis causas do acidente.
Conforme o relatório, o frio intenso teria favorecido a solidificação do pentolite (mistura de TNT e nitropenta), utilizado no carregamento dos busters que, ao colidir contra as bases dos agitadores, pode ter provocado a detonação. Contudo, esse é apenas um dos elementos contributivos para a explosão. O documento apresenta todas as análises técnicas, hipóteses de cenários e, também, recomendações para o setor industrial.
Para a análise técnica, a PCIPR dividiu o trabalho em duas frentes simultâneas: a primeira, dedicada à identificação das vítimas, com a aplicação do protocolo internacional DVI (Disaster Victim Identification), da Interpol, utilizado em desastres de grandes proporções; paralelamente, foi conduzida a análise da própria explosão, com o recolhimento de vestígios espalhados pela área atingida, avaliação da área e dos equipamentos, além do estudo de documentos técnicos e projetos da indústria.
Investigação prorrogada
A Delegacia da Policia Civil do Paraná (PCPR) segue atuando com prioridade na investigação do acidente. Desde o início, o trabalho tem se concentrado em apurar se houve alguma conduta dolosa ou culposa que possa ter contribuído para a explosão que vitimou os nove trabalhadores. Em razão da complexidade do caso e do grande volume de informações técnicas que ainda estão sendo analisadas, o inquérito será prorrogado por mais 30 dias.
Para a continuidade da investigação, o laudo apresentado tem papel fundamental para subsidiar o inquérito. O documento reúne cenários e causas prováveis, oferecendo contribuições técnicas e científicas que poderão indiciar eventuais responsáveis. O material também serve de base para o Ministério Público e para a Justiça no andamento do processo.
*Com informações da Agência Estadual de Notícias