A Universidade Federal do Paraná classificou como “desproporcional” a ação da Polícia Militar dentro do Prédio Histórico na noite desta terça-feira (10), quando estudantes impediram a realização de uma palestra sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF). As forças de segurança entraram no campus da instituição e usaram bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar a manifestação. A ação terminou com uma pessoa presa e outra ferida pelas forças policiais.
A avaliação da instituição está em nota divulgada no fim da noite de terça. O texto diz ainda que a UFPR trata com isonomia quem solicita o uso de seus espaços para eventos e afirmou que “enquanto instituição pública e plural, tem compromisso com a defesa do Estado Democrático de Direito, liberdade de expressão e condena toda forma de violência”. A Polícia Militar, por sua vez, afirma que fez uso de “instrumentos de menor potencial ofensivo” de “maneira pontual e proporcional”.
Organizado por uma professora do curso, o evento contaria com a participação do vereador Guilherme Kilter (Novo) e do advogado Jeffrey Chiquini — famoso nacionalmente por ter feito a defesa de um dos militares acusados de tentativa de Golpe de Estado no STF. Eles pretendiam discutir aquilo que classificam como abusos do STF. A proposta gerou forte reação de parte da comunidade acadêmica desde seu anúncio, o que levou à organização de uma manifestação.
Conforme a nota da Universidade, diante do ato, a professora responsável cancelou a palestra minutos antes de sua realização. “Contudo, conforme vídeos, um grupo com os palestrantes forçou a entrada, empurrando o Vice-diretor do Setor, o que desencadeou uma série de reações que culminaram em uma resposta desproporcional das forças de segurança pública em relação à comunidade que se manifestava”.
Intervenção da polícia
Segundo o relato da PM, também por meio de nota, no momento em que os palestrantes insistiram em entrar no prédio, um grupo teria proferido insultos e ameaças e arremessado objetos contra eles. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram uma troca de ofensas e cenas como o vereador Guilherme Kilter sendo atingido por um líquido e também provocando os manifestantes, pedindo-lhes para que batam na sua cara. Foi então que a polícia interveio — segundo ela, diante da impossibilidade de diálogo.
A nota da força de segurança diz ainda que um dos manifestantes que arremessaram objetos, ao ser identificado, resistiu à voz de prisão em flagrante que recebeu — o que levou ao uso de força contra ele e aqueles que se aproximaram para tentar defendê-lo. Ele foi levado para 33º Batalhão de Polícia Militar, onde foi lavrado Termo Circunstanciado de Infração Penal (TCIP) pelos crimes de lesão corporal, desobediência e resistência.
Confira a nota da UFPR na íntegra
A Direção do Setor de Ciências Jurídicas e a Reitoria da Universidade Federal do Paraná informam que o evento previsto para ocorrer no Salão Nobre, nesta data, foi cancelado pela docente organizadora minutos antes de sua realização.
Contudo, conforme vídeos, um grupo com os palestrantes forçou a entrada, empurrando o Vice-diretor do Setor, o que desencadeou uma série de reações que culminaram em uma resposta desproporcional das forças de segurança pública em relação à comunidade que se manifestava.
O evento foi organizado por uma professora do curso de Direito que tem autonomia para a promoção da atividade.
Diante da repercussão nas redes sociais semanas antes do evento, a Direção do Setor de Ciências Jurídicas da UFPR alertou a professora responsável quanto aos riscos à integridade física da comunidade acadêmica e participantes.
A autorização para uso dos espaços da universidade, quando atendidos os requisitos formais, é concedida de forma isonômica aos solicitantes.
A UFPR, enquanto instituição pública e plural, tem compromisso com a defesa do Estado Democrático de Direito, liberdade de expressão e condena toda forma de violência.
Assinam:
Direção do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná
Reitoria da Universidade Federal do Paraná