O Governo do Paraná apresentou, na quinta-feira (4), o Bonde Urbano Digital (BUD), tecnologia chinesa de transporte coletivo sem trilhos que será testada no Paraná ao longo dos próximos 15 meses. Os testes serão realizados, inicialmente, em um trecho de cerca de 13 quilômetros que vai do Terminal de Pinhais até o Terminal São Roque, em Piraquara, passando pela Avenida Ayrton Senna da Silva e a Rodovia Dep. João Leopoldo Jacomel. A expectativa é que eles sejam iniciados oficialmente até novembro. O valor da passagem será R$ 5,50, o mesmo do ônibus metropolitano. O tempo de viagem também não muda.
Fabricado pela empresa chinesa CRRC Nanjing Puzhen, o BUD é uma combinação entre o VLT e o BRT (Bus Rapid Transit), criado para o transporte coletivo da Capital nos anos 1970. Por meio da tecnologia Digital Rail Transit (DRT), o BUD é um sistema de transporte público elétrico com pneus que seguem por um “trilho virtual”, feito por meio de marcadores magnéticos e sensores no asfalto, sem a necessidade de trilhos físicos.
Esse “trilho virtual” usa tecnologias como detecção ferroviária e controle coordenado de eixo, que garantem ao veículo seguir com exatidão uma rota pré-definida, mesmo em condições adversas como chuva, vibração e desgaste da pista. O sistema inclui ainda rastreamento automático, orientação autônoma e proteção eletrônica ativa, que reforçam a segurança do trajeto.
Para a fase de testes, intervenções no pavimento serão realizadas para instalação dos sensores magnéticos de alta precisão que determinam o caminho a ser seguido. De acordo com o governo, a tecnologia começa a ser implantada nas próximas semanas. Os terminais de ônibus também serão adaptados com sinalização e, no caso de Piraquara, será construída uma garagem de manutenção anexa ao terminal. O investimento do Estado nesta etapa é de cerca de R$ 6 milhões e a expectativa é de que entre em operação em novembro deste ano.
O veículo
O BUD tem 30 metros de comprimento, três eixos, capacidade para 280 passageiros, ar-condicionado, operação bidirecional e pode atingir até 70 km/h. Ele é movido por baterias de íons de lítio de 600 kWh, que podem ser carregadas rapidamente nas estações por pantógrafos aéreos — em 30 segundos, ele garante autonomia de 3 a 5 quilômetros. À noite, a recarga completa nas garagens permite até 40 km de operação contínua. A tecnologia também está preparada para, futuramente, operar com hidrogênio.
Com durabilidade estimada em 30 anos — o dobro de um ônibus biarticulado —, o novo modelo representa um salto em custo-benefício para o transporte público. O contrato com a empresa é de 15 meses, passível de prorrogação. A empresa vai apresentar à Amep relatórios de progresso e uso do BUD.
Entre os benefícios do sistema DRT está o menor custo de implantação, que chega a ser três vezes menor do que os sistemas VLT; condução automática em vias segregadas (como as canaletas de Curitiba); tempo de implementação curto, chegando a um ano para vias de até 15 quilômetros com cerca de 15 veículos; e potencial para aumento de composição com até quatro carros de 10 metros, ampliando a capacidade para 360 passageiros. Apenas a título de comparação, o maior ônibus em circulação no transporte coletivo da RMC tem capacidade para 250 pessoas.
Os benefícios incluem, ainda, a via em que o BUD trafega. Isso porque ele possui baixo peso e carga por eixo menor do que a de ônibus elétricos, reduzindo os custos de manutenção por parte do poder público com o asfalto. O fato de ser 100% elétrico também ajuda a baratear custos, uma vez que hoje o sistema é significativamente onerado pelos gastos com combustíveis.