Sempre que falamos de turismo, especialmente quando temos pesquisas de demandas por tipo de turistas, vejo sempre que há uma tendência — quase uma narrativa — de tratar os diferentes tipos de turismo como rivais, especialmente entre o turismo de lazer e o de negócios, como se competissem por um mesmo troféu. Essa visão é muito equivocada.
Temos que olhar de forma diferente para esses números, pois em qualquer destino competitivo, as verticais do turismo são complementares: quando articuladas, ampliam fluxo, melhoram a experiência do visitante e aumentam a geração de renda.
O turismo de negócios oferece previsibilidade, ocupação em baixa temporada e gasto per capita elevado, pois como já informei, o gasto do turismo de negócios é, pelo menos, 3 vezes maior que o turista de lazer.
O turismo de lazer amplia permanência, conecta visitantes a produtos locais e diversifica a oferta — cultural, gastronômica, ecológica ou de experiência. Quando um profissional vem a um evento e estica a estadia com a família, ou quando um festival cultural aumenta a ocupação hoteleira fora da temporada, temos sinergia: um puxa o outro.
No Paraná temos condições únicas para essa integração: cidades com infraestrutura para eventos, litoral com praias e atividades náuticas, o interior com roteiros de ecoturismo, vinhos e café, além de forte potencial para turismo rural/agroturismo, de aventura, de saúde e bem-estar, esportivo e religioso. Potencializar essas verticais exige coordenação entre público e privado: calendários integrados, pacotes que combinem eventos e experiências locais, parcerias que facilitem mobilidade e capacitação de profissionais..
Temos muitos exemplos de como isso pode acontecer, propostas práticas, com o olhar para trabalhar os tipos de turismo em conjunto:
- Desenvolver pacotes integrados (hotel + evento + passeios);
- Coordenar calendários regionais para otimizar uso da infraestrutura;
- Estimular parcerias público-privadas para mobilidade, sinalização e formação;
- Promover campanhas que mostrem trajetórias do tipo “vem a trabalho, volta de férias”;
- Mapear e facilitar roteiros que conectem centros urbanos a destinos rurais e de natureza.
Não se trata de declarar um vencedor entre lazer e negócios. Trata-se de ampliar possibilidades: quanto mais verticais trabalharmos em conjunto, mais rica será a experiência do visitante, maior a permanência e mais robusta a geração de renda no Paraná. Turismo prospera quando soma.
Gislaine Queiroz é turismóloga pela UFPR, CEO da Única Recepção e presidente do Curitiba Convention gestão 23/24 e 25/26. www.linkedin.com/in/gislainequeirozunica/