Começa nesta quinta-feira (4), a oitava edição da Bienal de Quadrinhos de Curitiba, com o tema “Futuros Possíveis”. Com uma programação que inclui a participação de mais de 250 artistas, 50 bate-papos, 10 oficinas e oito exposições, além da tradicional Feira MUVUCA, o evento leva atividades gratuitas a diversos espaços da cidade, como o Museu Oscar Niemeyer, o MuMA (Portão Cultural), a Gibiteca de Curitiba, o Estúdio Riachuelo e o Cine Passeio, até 7 de setembro.
Entre as exposições no MuMA está uma que se dedica a tentar compreender o mundo daqui a 5, 10, 100 anos. “Futuros Possíveis: Distopias e Utopias” une artistas de diferentes espectros e regiões para apresentar histórias do presente e do passado – e mostrar que a distopia já chegou. Na exposição dedicada à homenageada da edição, Cida Godoy, há páginas imaginadas por ela ou revisitadas por artistas contemporâneos. Cida criou roteiros para quadrinhos de terror entre as décadas de 1960 e 1980. Seu Drácula, ilustrado pelo italiano Nico Rosso, foi um dos seus personagens mais conhecidos. Era pra dar medo, mas sem perder a graça.
Também no MuMA, estará em cartaz a exposição “A Arte de Ivo Milazzo”, que resgata obras de um dos maiores artistas dos quadrinhos populares italianos. Em parceria com Giancarlo Berardi, Milazzo criou Ken Parker, pistoleiro que fez a Itália e o mundo descobrirem seus traços.
Sobre o golpe militar de 1964, que continua a reverberar no Brasil de muitas formas, debruça-se a exposição “Ainda estamos aqui”, com obras e autores que, nos quadrinhos e nas artes gráficas, lutam para que essa história não caia no esquecimento nem na indiferença. Um dos destaques é a obra de Guilherme Caldas, autor do livro “1968 – Ditadura Abaixo”. Nela, os quadrinhos se juntam aos textos de Teresa Urban, ativa combatente da ditadura, presa por diversas vezes.
E em meio aos cataclismos diversos dos últimos tempos – pandemia, tragédias climáticas, a ruína da democracia – rir parece ser o melhor remédio. A partir disso, a exposição “Rir Até Que o Mundo Acabe” dá certo sentido à sequência de distopias contemporâneas, e por isso a exposição é em conjunto: o mineiro Lor publica cartuns desde os anos 1970, a gaúcha Fabiane Langona começou a publicar suas tiras na aurora desse milênio. Felipe Parucci fez alguns livros mais longos, até sobre o fim do mundo, o norte-rio-grandense Gabriel Dantas traz um lado mais leve de se ver o presente, e a paranaense Lark mostra a exploração do trabalho em um mundo que se finge de fofo.
Conversas e reflexões
Os bate-papos são a alma da Bienal de Quadrinhos. Nesta edição, os mais de 50 encontros acontecem no Museu Oscar Niemeyer, em três espaços: no Palco Ocupa – próximo à Feira MUVUCA, com atividades propostas pelos expositores; no Palco Vão Livre e no Auditório Poty Lazzarotto. Na quinta-feira (4), às 15h30, no Palco Vão Livre, o destaque é a mesa “Movimentos Migratórios: Navegar é Preciso?”, com Fábio Vermelho, Karipola e Pablito Aguiar, com mediação de Dandara Palankof, uma das curadoras da Bienal.
Na sexta-feira, 5 de setembro, às 13h, no Palco Ocupa, ocorre a conversa “Desenhando Notícias”, Amanda Miranda, Cecilia Marins, Gabriela Güllich e Pablito Aguiar. No sábado (6), às 15h30, no Palco Vão Livre, é a vez do papo “A Realidade Desenhada pela IA”, com Amanda Miranda, Ing Lee e Lielson Zeni. No domingo (7), às 15h30, no Auditório Poty Lazzarotto, a conversa é sobre “Autobiografia e Autoficção”, com Zeina Abirached, Karipola, Ing Lee e Jefferson Costa e mediação de Aureliano Medeiros. Toda a programação está no Instagram @bienaldequadrinhos e no site www.bienaldequadrinhos.com.br.