O executivo que embarca no avião para reuniões comerciais, a responsável comercial de uma empresa que atravessa o País para uma apresentação importante, o médico que participa de um congresso internacional. Todos compartilham algo em comum: são turistas de negócios, embora raramente se reconheçam como tal.
Este fenômeno curioso merece nossa atenção. Enquanto o viajante a lazer se identifica prontamente como turista, aquele que viaja a trabalho frequentemente rejeita tal classificação. “Estou aqui a negócios”, dirá, como se esta afirmação o excluísse automaticamente da cadeia turística.
O que muitos desconhecem é o impacto econômico significativo deste segmento. O turista de negócios gasta, no mínimo, três vezes mais que o turista de lazer. Seus recursos são direcionados para hospedagens de categoria superior, refeições em estabelecimentos refinados e serviços de transporte executivo. Surpreendentemente, o setor turístico frequentemente falha em reconhecer o valor extraordinário deste público.
O turismo de negócios e eventos desempenha um papel crucial na economia do Paraná, gerando empregos, renda e promovendo o desenvolvimento de diferentes regiões do Estado. Além disso, eventos como congressos, feiras e convenções facilitam o intercâmbio de conhecimentos e experiências, impulsionando a inovação e o crescimento profissional.
Curitiba, a capital paranaense, destaca-se neste cenário. De acordo com o Dashbord da Hotelaria 2025, um estudo realizado pela Omnibees para o Fórum Panrotas, Curitiba está em 4º lugar como Top Destinos Brasileiros. A cidade também é reconhecida internacionalmente por suas soluções urbanas inovadoras.
Esta reputação de inovação e sustentabilidade atrai naturalmente eventos de negócios que buscam ambientes inspiradores e funcionais, além de colocar a cidade como uma capital do Turismo Tech.
As cidades paranaenses que compreenderem esta dinâmica transformarão suas estratégias. Além da infraestrutura para eventos, investir em experiências que podem ser aproveitadas nos intervalos entre compromissos profissionais: roteiros culturais compactos, programações noturnas e extensões de horário em atrações turísticas.
Estas iniciativas não apenas aumentam a receita imediata, mas plantam sementes valiosas. O profissional que experimenta brevemente os atrativos do Paraná frequentemente retorna com família ou amigos para uma experiência completa. Ou, em casos cada vez mais comuns na era do trabalho remoto, decide estender sua estadia, mesclando obrigações profissionais com experiências de lazer, incentivando o turismo de Bleisure, denominação do turismo de negócios – Business e o turismo de lazer – Leisure.
O desafio para o Paraná está em intensificar este reconhecimento. Não basta ter centros de convenções modernos – é necessário criar pontes entre o universo dos negócios, tecnologias e as experiências culturais, gastronômicas e de entretenimento que o Estado oferece, desde as Cataratas de Foz do Iguaçu até o Litoral.
É tempo de o setor turístico paranaense reconhecer que o viajante de negócios, além de sua contribuição econômica superior, é um potencial embaixador do destino e um futuro turista de lazer. As cidades que souberem acolher este protagonista, mesmo em seus breves momentos livres, colherão frutos muito além do imediato impacto financeiro que ele já proporciona para a economia do estado.
Gislaine Queiroz é turismóloga pela UFPR, CEO da Única Recepção e presidente do Curitiba Convention gestão 23/24 e 25/26. www.linkedin.com/in/gislainequeirozunica/