Hoje, até seis gerações — dos Baby Boomers à Geração Alpha — atuam lado a lado no mercado curitibano-paranaense: um retrato vivo de diversidade etária que confirmando a integração multigeracional.
As gerações profissionais são: Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964), conhecidos pela dedicação e resiliência; Geração X (1965 a 1980), marcada pelo pragmatismo e adaptabilidade; Millennials ou Geração Y (1981 a 1996), digitais e questionadores; Geração Z (1997 a 2010), nativos digitais conectados e inovadores; Geração Alpha (a partir de 2011), já imersa no mundo tecnológico desde a infância; e, ainda, representantes da Geração Silenciosa (antes de 1945), que permanecem ativos em alguns setores.
Contra fatos não há argumentos: o trabalho é multigeracional. No Paraná, já começamos a enxergar os primeiros sinais desse movimento com mais nitidez: 13% de aumento nas contratações de profissionais com mais de 50 anos só em 2025. Um alento — mas também um lembrete de que ainda há muito caminho a percorrer.
Porque a verdade é que seguimos operando com preconceitos silenciosos. Levantamentos recentes mostram que 70% das empresas brasileiras contrataram poucos ou nenhum profissional maduro desde 2021. E 86% sequer estruturaram planos de carreira para quem passou dos 40. Parece um número antigo? Mas não é.
Com minha idade e experiência profissional já posso dizer com propriedade: idade não é sinônimo de obsolescência, e juventude não garante inovação. Equipes com idades diversas entregam mais criatividade, estabilidade, equilíbrio emocional e — talvez o mais importante — aprendizado contínuo. Empresas que conseguiram integrar essas gerações relatam maior engajamento e resultados tangíveis.
Curitiba, com sua mistura tão particular de tradição e modernidade, está especialmente bem posicionada para liderar essa agenda. Temos empresas familiares consolidadas e startups inovadoras surgindo a cada esquina — e um ecossistema de inovação maduro, mas que ainda engatinha no tema diversidade etária.
Iniciativas como as do Grupo Boticário (Maturi, Pacto Prateado e Trilha Antietarista) e Votorantim (MIME – Melhor Idade, Melhor Emprego) já mostram caminhos possíveis: programas que acolhem talentos maduros, mentoria reversa que estimula troca verdadeira e ambientes que reconhecem as diferentes trajetórias como valor agregado.
Mas é preciso querer, estruturar e, acima de tudo, eliminar o viés etário que insiste em sobreviver, até entre gestores bem-intencionados. Esse viés aparece de forma disfarçada: “não queremos ninguém com mais de 45 porque estamos em ambiente jovem e dinâmico”… “não sei se ele vai se adaptar a novas tecnologias”… “acho que já está perto de se aposentar”. Já ouvi tudo isso — e você também, infelizmente.
É hora de abandonar estereótipos. É hora de estimular diálogos reais entre as gerações. É hora de usar o que cada idade tem de melhor: a ousadia dos jovens e a experiência dos mais velhos; a criatividade da Gen Z e o equilíbrio emocional dos Baby Boomers. Porque essa combinação não é caridade nem gentileza corporativa: é estratégia de negócio.
Então deixo a pergunta que acho a mais importante neste momento: o que sua empresa está deixando de ganhar por manter as gerações isoladas? No Paraná, com nossa cultura de trabalho, pragmatismo e inovação, a integração geracional não deveria ser exceção — deveria ser padrão.
Sigo acreditando que as empresas que entenderem isso mais cedo vão prosperar mais rápido. Do chão de fábrica a sala do conselho: quem inclui gerações, amplia perspectivas. Quem amplia perspectivas, amplia resultados.
Fernanda Alves Chaves é especialista em Gestão de Pessoas, fundadora da DualFusion e diretora da ABRH-PR há mais de 30 anos. www.linkedin.com/in/fernandaalveschaves/