Durante séculos, o que significava “ser homem” esteve associado a um conjunto rígido de características: força física, dureza emocional, autoridade incontestável e uma suposta autossuficiência. Mas na atualidade, esse modelo vem sendo questionado, desconstruído e, acima de tudo, ressignificado. Hoje, ser homem é, mais do que nunca, um exercício contínuo de consciência.
Não se trata de rejeitar a masculinidade, mas de redefini-la com base em valores mais humanos e menos aprisionados por expectativas antiquadas. É reconhecer que a força não está apenas nos músculos ou na rigidez, mas na coragem de ser vulnerável, de expressar sentimentos, de admitir erros e de buscar ajuda quando necessário.
O homem contemporâneo não precisa mais fingir que não sente medo, dor ou insegurança. Pelo contrário, ele aprende que reconhecer suas emoções é um passo essencial para a construção de relações saudáveis — com amigos, companheiras, companheiros, filhos e colegas de trabalho. A empatia e o diálogo substituem o silêncio e a distância emocional que tanto marcaram as gerações anteriores.
Ser homem hoje é também ter consciência do impacto que se gera no mundo: na maneira como se trata o outro, nas escolhas cotidianas e no respeito às diferenças. É assumir a responsabilidade de ser melhor não apenas para si, mas para aqueles que nos cercam — um compromisso com a evolução pessoal e coletiva.
Essas breves reflexões foram inspiradas no conteúdo que desenvolvi e nos feedbacks das quatro palestras que tive a honra de ministrar na Sumitomo Rubber do Brasil, no dia 15 de julho de 2025, em celebração ao Dia do Homem. Foram momentos de trocas e aprendizados, que aconteceram ao longo de todo o dia e da noite, incluindo profissionais do terceiro turno, numa verdadeira maratona de encontros transformadores.
A palestra chamou-se “Líder de Você” e nossa reflexão abordou que autoliderar-se é um compromisso diário de não se deixar conduzir pela inércia ou pelas circunstâncias, mas de assumir o protagonismo sobre si mesmo com consciência e propósito. É acordar todos os dias com a disposição de superar não apenas os desafios externos, mas, principalmente, as próprias limitações, medos e crenças que nos paralisam. Superar-se é um exercício contínuo de autoconhecimento, disciplina e coragem para ser melhor do que ontem — não por competição com os outros, mas por respeito à própria história e potencial. Quem pratica a autoliderança entende que evolução pessoal não é um ponto de chegada, mas uma jornada permanente de construção e reconstrução.
Os relatos espontâneos dos presentes às palestras e o registro do cliente no LinkedIn reforçam a qualidade e o valor do trabalho realizado. Esse reconhecimento não só me enche de orgulho, mas reforça a certeza de que estamos, juntos, criando um espaço necessário para que os homens se reconectem com sua própria humanidade.
Cabe destacar que essas breves reflexões dialogam diretamente com as ideias de Brené Brown em seu livro A Coragem de Ser Imperfeito, uma das obras qual recomendei leitura. A autora nos ensina que a vulnerabilidade não é um sinal de fraqueza, mas o caminho para a autenticidade, a criatividade e a verdadeira conexão com os outros. Quando um homem aceita ser imperfeito, ele se permite crescer, aprender e, principalmente, criar relações mais verdadeiras.
A coragem de ser imperfeito nos liberta da prisão dos padrões inatingíveis. Ela nos ensina que o valor pessoal não está na invulnerabilidade ou na imagem de força inabalável, mas na disposição de ser visto como realmente somos — com medos, dúvidas e com potencial de superação.
Em tempos de mudanças aceleradas, o verdadeiro exercício de consciência masculina está em equilibrar força e sensibilidade, decisão e escuta, autonomia e cuidado mútuo. É, enfim, assumir que ser homem é uma jornada de aprendizado constante — não uma identidade fixa, mas uma construção diária, pautada pelo respeito, pela humanidade e pela coragem de ser inteiro. Ser homem na contemporaneidade é, acima de tudo, um convite à responsabilidade de evoluir. Não é mais sobre corresponder a um estereótipo, mas sobre ser inteiro: equilibrando força e sensibilidade, decisão e escuta, autonomia e cuidado mútuo. É um exercício de consciência, um compromisso com o melhor que podemos ser — por nós mesmos e pelo mundo que ajudamos a construir todos os dias.
Rudi Birgman é mestre em tecnologias emergentes para a educação, administrador de empresastem MBA em gestão de negócios. Já trabalhou em grandes empresas como Embratel, Grupo Veolia, Grupo Accor e HIT Communications. Dá aulas de MBA na Universidade Positivo e na pós-graduação da UNISOCIESC. É consultor, desenvolve projetos de capacitação e ministra treinamentos. Também é coautor de livros na área de RH e Gestão Estratégica. www.linkedin.com/in/rudibirgman