Você já foi mal interpretado no local de trabalho? Quais foram as consequências de esperar por um resultado e receber algo completamente diferente? Isso é mais comum do que se imagina.
Um dos principais prejuízos no ambiente profissional, quando não há uma comunicação clara e objetiva, é o retrabalho.
A pesquisa “Estado do Workplace 2023” da Gallup, mostra que equipes gastam 28% do seu tempo gerenciando comunicações ineficientes, sendo que 57% das reuniões são consideradas improdutivas e 3,5 horas diárias são perdidas procurando informações.
Corrigir erros de processos, refazer um projeto inteiro, lidar com falhas em produtos ou serviços e desperdiçar tempo podem gerar custos altíssimos para as empresas.
Segundo o relatório McKinsey “Future of Work 2023”, uma companhia com mil colaboradores perde em média R$ 12,5 milhões por ano com comunicação ineficiente, e o custo médio de retrabalho causado por informações desatualizadas é de R$ 8.400 por pessoa/ano.
Atuei como editor e apresentador de telejornal por duas décadas. Era muito comum receber informações distorcidas, o que nos obrigava a checar com rigor todas as fontes antes de produzirmos o material jornalístico e colocarmos uma reportagem no ar. A primeira pergunta que eu sempre fazia era: Você checou as informações? Ao longo da carreira, acompanhei a demissão de muitos profissionais que, na pressa de dar um “furo” de reportagem, cometeram uma tremenda “barrigada”.
Dentro de empresas de outros setores, a situação não é diferente. Muito do retrabalho que ainda ocorre nas empresas poderia ser evitado se cada gestor checasse as informações com sua equipe antes de iniciar a produção. Estabelecer uma cultura de validação, assim como a de feedback — já implementada por muitas empresas com resultados extraordinários — é uma forma eficaz de evitar projetos desastrosos e o chamado resserviço.
É claro que equipamentos defeituosos ou tecnologias ultrapassadas também causam prejuízos. Mas a imprecisão das informações no momento da solicitação de uma demanda gera confusão, conflitos e insegurança na execução. Isso compromete prazos, aumenta os custos, reduz margens de lucro, gera desentendimentos na equipe e, muitas vezes, termina com a insatisfação do cliente — que, se não for recompensado de alguma forma, provavelmente procurará outro fornecedor após uma experiência negativa.
Mas será que o empresário ou comerciante paranaense está fazendo algo para mudar esse cenário e se manter competitivo em um mercado tão disputado, com consumidores cada vez mais exigentes? Está preparado para reduzir os custos causados por trabalhos mal executados?
Uma pesquisa recente da Fecomércio, em parceria com o Sebrae-PR, revelou que 31,7% das empresas paranaenses pretendem realizar novos investimentos neste segundo semestre de 2025. Desses, 21,6% serão destinados à capacitação das equipes.
Por outro lado, a baixa adesão de gestores comprometidos com a qualificação de seus colaboradores, somada à ausência de programas estruturados de desenvolvimento, expõe as empresas aos impactos de lideranças sem engajamento, equipes desalinhadas e baixa produtividade.
Sabemos que a Inteligência Artificial (IA) está revolucionando resultados em diversos setores. As organizações que têm conseguido aplicar essa tecnologia têm encontrado soluções para tornar a comunicação mais assertiva. Entretanto, o cenário ainda é crítico em muitas empresas onde os colaboradores operacionais não têm acesso a equipamentos digitais.
Uma alternativa viável é buscar apoio por meio de recursos públicos destinados ao fortalecimento da IA, como o programa HUBX IA, anunciado pelo Governo do Paraná em abril deste ano, para fomentar ciência, tecnologia e inovação.
A Fundação Araucária, por meio do Tecpar, investirá R$ 15 milhões ao longo de cinco ciclos anuais, sendo R$ 3 milhões por ano destinados ao fomento de projetos de Inteligência Artificial em empresas paranaenses.
Agora, se você empresário não dispõe de recursos para investir em novas tecnologias, comece pelo básico: realizar treinamentos contínuos voltados à comunicação entre líderes e equipes.
O que não pode acontecer é ficar parado e deixar passar oportunidades que podem mudar completamente o rumo do seu negócio. Errar é humano, mas persistir no erro é tolice — e custa caro.
Rogério Spinelli, é CEO do Spinelli Instituto de Desenvolvimento Humano, mentor em Comunicação e Oratória, palestrante e jornalista. Por mais de 20 anos, atuou como apresentador e editor em emissoras de TV pelo Brasil. Há 6 anos, atua no desenvolvimento de pessoas. www.linkedin.com/in/rogeriospinellimentor