A edição 2025 do Parlamento Universitário tem uma tendência clara: a educação ocupa o centro dos debates legislativos entre os jovens parlamentares. Dos 120 projetos de lei apresentados até agora, 43 têm como foco principal o tema, o que representa mais de um terço do total. O número expressivo evidencia o compromisso dos estudantes com transformações estruturais na rede pública de ensino e no sistema educacional como um todo.
Muitos desses projetos já receberam parecer favorável nas comissões temáticas e seguem agora para votação em plenário. A diversidade de propostas chama a atenção: elas abordam desde o combate à exclusão digital até ações de apoio psicossocial nas escolas e universidades.
Entre os exemplos de iniciativas já aprovadas estão o PL 115/2025, de Roberta Colácio (UEL), trata da certificação “Escola Digitalmente Segura”, com critérios para proteção de dados e segurança digital no ambiente educacional, e o PL 23/2025, de Lourenço Coelho (Fesp), que trata da inclusão de saberes indígenas e afrobrasileiros no currículo escolar, ampliando o reconhecimento da diversidade étnica e cultural.
A PL 12/2025 de José Júlio de Moraes (Unimater), professor há 30 anos, trata da valorização dos profissionais da educação no âmbito do Estado do Paraná. “Eu acredito que o professor do Estado ele é o condutor. Ele é o gigante que move o interesse da pessoa em se tornar alguém na vida. E o Paraná vem, mais ou menos, há 8 anos sem reposição salarial para professor. Além disso, se extinguiu a carreira dos Agentes 1 e 2 na educação. Então minha preocupação, é para que essas pessoas, que limpam escola, que lavam, que trabalham na merenda, voltem a ter seu plano de carreira”, diz Moraes.
Outro destaque é o PL 100/2025, da parlamentar Gabriela de Lara (UniBrasil), que propõe integrar a produção agrícola regional com a alimentação escolar, promovendo nutrição saudável e valorização de produtores locais. Já a PL 35/2025 Anderson Lima (Unioeste), institui o Programa Estadual “Universidade na Comunidade” como política pública de integração participativa e interdisciplinar entre as universidades públicas estaduais e as comunidades locais.
Lima diz que o projeto pode reforçar o pilar da extensão universitária, como importante vertente da educação, que realiza a troca de saberes científicos e tradicionais. “Basicamente, proponho a formação de um núcleo educativo na comunidade. Eu aponto vários cursos que poderiam possibilitar isso, mas pensando principalmente na troca de saberes no âmbito do Direito”, afirma.
A variedade de enfoques, que incluem educação ambiental, acessibilidade, combate ao racismo, inclusão de neurodivergentes e incentivo à cultura, evidencia a sensibilidade da juventude parlamentar frente aos desafios contemporâneos da educação pública no Brasil.
Sobre o enfoque de propostas ligadas à educação no Parlamento Universitário, o diretor legislativo da Assembleia Legislativa, Dyllardi Alessi, considera que se trata de um recado para a Casa e os parlamentares paranaenses.
“Os jovens aqui no Parlamento são universitários, trabalham, estão vivendo o meio educacional. Isso mostra a demanda que vem da juventude. E traz uma lição para nós aqui, da Assembleia Legislativa, e os próprios deputados estaduais. O jovem está cobrando isso, ele quer isso, ele quer uma legislação boa, ele quer inovação em educação”
Alessi reforça que no Parlamento Universitário o aprendizado é tanto dos alunos quanto da instituição, e que a demanda dos jovens deve ser ouvida para implementação de leis na Assembleia Legislativa.
Com a maioria desses projetos já aprovada nas comissões, a expectativa é que o plenário confirme a prioridade da pauta educacional, consolidando o Parlamento Universitário como um espaço de formulação de políticas públicas comprometidas com um futuro mais inclusivo e consciente.
Julia Pozzetti é estudante do 7º período de Jornalismo na Universidade Positivo