Composta majoritariamente por mulheres, a bancada da Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem assumido papel de destaque nas articulações do Parlamento Universitário. Longe de uma atuação apenas simbólica, o grupo alia representatividade de gênero com forte capacidade de negociação política.
A proposta é clara: construir um bloco coeso, com foco em justiça social, para que todos sejam unidos independente da posição ideológica, sendo o bloco assumidamente dito por centro-esquerda.
Logo nos primeiros dias de articulação, as parlamentares da UFPR se colocaram à frente de diálogos estratégicos com universidades como a Positivo e o Unicuritiba, garantindo não apenas espaço político, mas também a chance concreta de presidir a Comissão de Educação, uma das mais influentes do Parlamento.
A força do grupo também se manifesta na construção de um projeto com enfoque socioambiental. Inspirada por experiências anteriores em órgãos de controle, a deputada Pollyana Ferreira Sora apresentou uma proposta para aprimorar programas de habitação popular, por anos negligenciados pelo Poder Público.
A iniciativa não cria gastos extras nem demanda nova estrutura pública, ela apenas organiza, prioriza e dá transparência ao que já deveria estar sendo feito, mirando diretamente a realidade de centenas de famílias paranaenses, somando política habitacional com justiça territorial.
Fazem parte da bancada da UFPR as estudantes-deputadas Beatriz Sofia Carrião, Victória Vila Nova Selleti e Pollyana Ferreira Sora e as primeiras suplentes Claire Pimentel Marar, Julia Pierosan Hugen e Sabrina Kurscheidt.
Construção de blocos
A bancada também atua na estratégia de construção de blocos. A aliança que a UFPR participa reúne cerca de 14 universidades e se organiza não a partir de afinidades partidárias, mas de propósitos. Ainda assim, a orientação do grupo é clara: pautas sociais, fortalecimento da educação pública, defesa ambiental e equidade de gênero, elementos tradicionalmente ligados à centro-esquerda.
A atuação das parlamentares da UFPR busca justamente garantir uma voz firme no Parlamento Universitário, comprometida com as demandas sociais frequentemente esquecidas nas pautas institucionais.
Atualmente, o grupo discute a formação de dois a três blocos. A intenção é garantir equilíbrio entre instituições públicas e privadas, sem abrir mão do protagonismo das universidades públicas nas pautas sociais. A liderança formal do bloco majoritário ainda está em negociação, mas a UFPR já desponta como força agregadora.
No meio de alianças frágeis, interesses difusos e disputas por visibilidade, a bancada da UFPR parece ter encontrado um eixo: a justiça social como centro de gravidade e a ação feminina como motor de articulação.
Se o Parlamento Universitário é uma simulação da política real, talvez o exemplo da UFPR diga muito sobre os caminhos possíveis e futuramente desejáveis para a vida pública no Brasil.
Jaqueline Loyola de Lima é estudante do 5º período de Publicidade da UniFatec