A antiga casa do escritor Dalton Trevisan, no Alto da XV, em Curitiba, vai ser transformada em um espaço cultural. A instalação e administração do local ficará a cargo da Prefeitura de Curitiba e o restauro será feito pela construtora Hugo Peretti, que comprou o terreno onde está edificada a residência onde o “Vampiro de Curitiba” viveu por 68 de seus 99 anos.
Dalton Trevisan, que completaria 100 anos neste sábado (14), morreu em dezembro do ano passado. Um dos maiores autores paranaenses da história, ele está sendo homenageado pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC) durante o mês de junho, com a exposição 100 anos: Dalton Trevisan entre traços e linhas, no Centro Cultural Solar da Glória. O evento foi aberto nesta quinta-feira (12), ocasião na qual foi assinado ainda o protocolo de intenções para a reforma da tradicional casa do escritor.
A casa, localizada na esquina das ruas Amintas de Barros e Ubaldino do Amaral, vai ficar cercada por um condomínio residencial, que será construído no terreno que a cerca. Erguida no fim da década de 1920, é tombada como Unidade de Interesse de Preservação (UIP) pelo município e, por lei, deve ser restaurada e mantida.
Antes de se mudar para a tradicional residência no Alto da XV, Dalton Trevisan morou na Rua Emiliano Perneta, 492, onde nasceu. O imóvel também era tombado como UIP e foi preservado, restaurado e hoje é um restaurante.
Em 2022, o escritor passou a viver no Edifício São Bernardo, na Alameda Doutor Muricy, o mesmo onde residiram grandes nomes da literatura paranaense como Paulo Leminski, Alice Ruiz e Helena Kolody. Ali viveu os últimos anos, recluso, como de costume.
Outras atividades para o centenário do Vampiro
A exposição 100 anos: Dalton Trevisan entre traços e linhas, no Centro Cultural Solar da Glória ficará em cartaz até setembro, com entrada gratuita, de terça a sábado (confira aqui os horários de funcionamento). A mostra reúne ilustrações de 38 artistas curitibanos em homenagem ao centenário do autor, e integra uma série de ações programadas ao longo do ano para celebrar a memória e o legado do maior contista brasileiro.
Além da mostra aberta nesta quinta, as 16 Casas da Leitura da prefeitura promovem neste mês do aniversário uma programação especial dedicada ao autor, com rodas de leitura e diversas atividades.
Em setembro, durante o Festival da Palavra, será lançado um e-book com contos de Dalton Trevisan, selecionados pela crítica literária e escritora Luci Colin, também curadora do festival. A publicação será disponibilizada gratuitamente na plataforma Curitiba Lê Digital.
Nos palcos, a peça Daqui Ninguém Sai, produção do Teatro de Comédia do Paraná (TCP), está sendo apresentada no auditório Salvador de Ferrante (Guairinha), no Teatro Guaíra. Mas, corra! As apresentações acontecem só até o domingo (15), com as últimas sendo na sexta-feira (13) e sábado (14), às 20h30, e domingo (15), às 18 horas.
Os ingressos estão à venda por R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada), na bilheteria do Centro Cultural Teatro Guaíra e também no site DiskIngressos.
O legado de Trevisan
Mesmo sempre discreto e recluso, o Vampiro de Curitiba, que não queria ser notado, construiu uma das trajetórias mais respeitadas da literatura brasileira.
Considerado o maior contista do país, publicou cerca de 50 obras entre contos e novelas. Seu único romance, A Polaquinha, está entre os mais lidos nas Casas da Leitura de Curitiba, que disponibilizam mais de 90% de sua produção para empréstimo gratuito.
Nascido em Curitiba, em 1925, Trevisan formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná e teve participação ativa na cena literária local desde jovem. Foi repórter policial, crítico de cinema e, entre 1946 e 1948, editou a revista Joaquim, que marcou época ao publicar nomes como Mário de Andrade e Vinícius de Moraes. Seus primeiros livros, como Sonata ao Luar (1945) e Sete Anos de Pastor (1948), nasceram desse período.
Ao longo da carreira, foi reconhecido com os principais prêmios literários em língua portuguesa, entre eles quatro Jabutis, o Prêmio Camões e o Prêmio Machado de Assis. Mesmo com tantas conquistas, manteve-se fiel a uma vida reservada, sem entrevistas ou aparições públicas, deixando como legado uma obra marcada por precisão, sensibilidade e um olhar implacável sobre a condição humana.
Com informações da Prefeitura de Curitiba