A partir deste sábado (14), o Instituto Mirtillo Trombini, em Morretes, no Litoral do Paraná, recebe a exposição “Vida em Preto e Branco: Desenhos de Poty”, do Museu Oscar Niemeyer, com curadoria de Ricardo Freire. A mostra é composta por 50 desenhos que fazem parte das mais de 4 mil obras do artista que integram a coleção permanente do MON. A proposta é ampliar o acesso à arte e valorizar a cultura local.
Com traços de nanquim, carvão, sombra e hachura, as obras registram diferentes estágios da vida de um homem comum. “Por meio desses desenhos, acompanhamos os estágios quase sempre inevitáveis na existência do homem comum, mas também o caminho dos que saem para fora da curva, os excêntricos, os pecadores ou transgressores, os que se perdem no caminho”, explica o Freire.
A falta de cores acompanha os traços de Poty, breves e sintéticos, mas também expressivos e que permitem rapidamente captar a essência da personagem. Os desenhos cobrem toda a trajetória do artista, desde a sua juventude até os últimos tempos. São estudos para gravuras e para ilustrações ou, simplesmente, desenhos para registrar o cotidiano.
O artista
Poty Lazzarotto (Curitiba, 1924 – 1998) trilhou seu caminho a partir do desenho, aprofundando-se, em seguida, na gravura, na qual se tornou um mestre, sendo o criador do primeiro curso de gravura do Museu de Arte de São Paulo (MASP). Muito de sua produção é biográfica, indo de lembranças de menino em torno de trilhos e vagões de trem a registros de tipos curitibanos e dos cenários que eles habitam.
Poty é direto e sem rodeios em seus desenhos e gravuras. Foi com essa característica espontânea que ilustrou diversas obras da literatura brasileira, como Os sertões, de Euclides da Cunha, e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Não poderia, também, ter deixado de dar a vida aos curitibanos controversos retratados nos contos de outro ícone paranaense, Dalton Trevisan.
Não bastasse sua presença na literatura, Poty deixou sua marca em toda Curitiba por meio de seus monumentos ou painéis de azulejo e de concreto aparente, prática que se iniciou com o painel “Desenvolvimento histórico do Paraná”, de 1953, na Praça 19 de Dezembro. Outros exemplos dessa produção são os painéis da travessa Nestor de Castro, nos quais ele mostra, de um lado, a cena de uma Curitiba que já não existe, e, do outro, a evolução da cidade, surgida em meio ao pinheiral, habitada por imigrantes, e que se destaca no campo do urbanismo.
Exposição “A Vida em Preto e Branco: Desenhos de Poty”
Data: a partir de 14 de junho
Local: Instituto Mirtillo Trombini — Largo Dr. Lamenha Lins, Morretes.
*Com informações da Agência Estadual de Notícias