Nos quatro primeiros meses de 2025, Curitiba registrou 10.410 acidentes de trânsito — 89% deles sem vítimas, mas com 20 óbitos no total. O número é 5,96% maior do que o registrado no mesmo período de 2024, quando também houve menos mortes resultantes de sinistros de trânsito — 9, entre óbitos no local e posteriores.
É o que mostra o painel estatístico do Detran/PR sobre acidentes de trânsito de janeiro a abril de 2025, com dados do sistema BATEU (Boletim de Acidente de Trânsito Eletrônico Unificado), da Polícia Militar do Estado, e do Batalhão da Polícia Rodoviária Estadual do Paraná (BPRv).
“O que temos, por conhecimento e análise, é que a maior parte dos acidentes ocorre por desatenção ou imprudência dos motoristas — não só deles, mas também de motociclistas”, afirma o superintendente de trânsito de Curitiba, Bruno Pessuti.
“Boa parte deles ocorre por uso indevido de celular ao volante. São pequenas colisões, que muitas vezes nem são registradas. Outra parte é por desatenção em relação à sinalização. No caso de abalroamentos laterais, onde a virada à direita ou esquerda é obrigatória, por exemplo. E também devido à pressa”, enumera.
No que diz respeito ao último item, Pessuti destaca que a prefeitura vem reforçando a sinalização nas vias onde há radares para incentivar que os motoristas não apenas passem pelo radar dentro da velocidade permitida, mas também mantenham-na durante todo o percurso na via. “Afinal, 10km/h faz toda a diferença no tempo de reação do motorista”, diz.
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Vias e cruzamentos com mais acidentes
O painel do Detran/PR também lista as vias e os cruzamentos onde os sinistros são mais comuns. É o caso da Av. Comendador Franco, primeiro lugar em número de acidentes não só da capital, mas de todo o Paraná, e da Av. Juscelino Kubitschek de Oliveira, assim como dos encontros entre a própria Av. Juscelino Kubitschek de Oliveira com a Rua Eduardo Sprada e com a Rua Raul Pompéia.

Em comum, elas têm o fato de que são vias de velocidade mais elevada, além do tráfego intenso, mas, para Pessuti, os próprios dados mostram que há diferenças entre elas e que a velocidade é um fator relevante para os número de sinistros e suas consequências — não à toa, o foco da campanha Maio Amarelo deste ano em todo o Paraná é a redução da velocidade.
“A Av. Comendador Franco é uma via de 70km/h que tem uma característica rodoviária, porque faz a ligação com São José dos Pinhais, com o litoral de Santa Catarina e o Litoral do Paraná. Da mesma forma, a Av. Juscelino Kubitschek de Oliveira e a BR-116. Mas, numa comparação com a Av. Silva Jardim, que é uma via de 50 km/h, já há uma redução que demonstra de maneira bastante apropriada e lógica que a velocidade é um fator que causa acidentes, principalmente com motos”, avalia.

Atenção aos motociclistas e pedestres
Dentre os mais de 10 mil acidentes registrados na capital paranaense até abril, 2.308 envolveram motocicletas — e, destes, 687 — quase 30% — tiveram vítimas. Motociclistas também foram os que mais morreram em decorrência de sinistros de trânsito neste ano — ao todo, 15 deles foram vítimas fatais num universo de 20 óbitos no total no período.
Os números repetem aquilo que o Programa Vida no Trânsito, criado para reduzir o números de lesões e mortes no trânsito, já havia evidenciado em seu relatório mais recente, feito com base em dados de 2024 e publicado neste mês: que, mesmo diante das reduções no número de acidentes fatais em Curitiba nos últimos dez anos — de 224 vítimas fatais em 2014, o município foi para 141 em 2024 —, motociclistas ainda representam um grupo de alto risco.
Entre os 48 óbitos registrados em 2024 já analisados pelo programa, 20 foram de motociclistas. Campanhas para eles e para motoristas, ações educativas nas escolas e fiscalizações estão nos planos da prefeitura para tentar reverter a situação.
Outro grupo que gera preocupação são os pedestres, grupo que teve o segundo maior número de óbitos entre os casos já analisados — 14. Pensando neles, a prefeitura vem instalando barras de led no chão em alguns cruzamentos semaforizados com grande trânsito noturno de pedestres, como próximo à Ligga Arena, ao Parque Barigui e, ainda em instalação, à FAE.
Até o fim do ano, o objetivo é ter pelo menos 10 cruzamentos com esse tipo de sinalização. Elas também devem ser instaladas nas proximidades do Shopping Palladium e do Estádio Couto Pereira. Também há estudos para a instalação na região central, próximo à Rua XV de Novembro.