Com pouco mais de 30 mil habitantes, a cidade de Ivaiporã, no Vale do Ivaí, prepara-se para ser um centro de inovação da Coreia do Sul no Brasil. Iniciado em 2023, a partir da missão internacional do Governo do Paraná, a cidade vai abrigar o projeto Korean Valley, que tem apoio do Global Digital Inovation Network (GDIN), fundação ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia da Informação do país asiático, e deve receber startups coreanas para desenvolver tecnologias junto com empresas brasileiras.
Para isso, o município está concluindo a implantação da Incubadora Tecnológica Agrotech – um ambiente de inovação estruturado com laboratórios, coworking, salas de conferência e módulos dedicados a instituições de pesquisa, associações e empresas.
O espaço contará com 22 unidades independentes, estrategicamente localizadas ao lado do campus do Instituto Federal do Paraná (IFPR), formando um ecossistema ideal para o desenvolvimento de empresas de base tecnológica, com foco especial no agronegócio. A infraestrutura recebeu um investimento de R$ 2,2 milhões, viabilizado por meio de convênio com o governo federal.
O projeto começou com o empresário e cientista Aleksandro Montanha, embaixador do GDIN no Brasil, que identificou no Paraná a possibilidade de abrigar as inovações coreanas. A fundação é responsável pela aceleração das startups do país asiático para que alcancem novos mercados mundiais, geralmente nos Estados Unidos ou Europa. Ivaiporã se tornou um ponto na curva nesse sentido.
“Dificilmente recebemos no Brasil ou na América Latina a inovação de fato, ela chega quando já está madura ou consolidada nos outros países”, explica Montanha. “Mas diante da imensidão de oportunidades que podem surgir com a aproximação dos dois mercados, criamos o projeto do Korean Valley, que tem a finalidade de ligar as soluções coreanas à capacidade de o brasileiro de empreender”.
Ele ressalta que vários fatores pesaram para a escolha da cidade paranaense para abrigar o projeto. “Primeiro por ser uma cidade do interior, que geralmente não é vislumbrada para receber esse tipo de projeto. Percebemos o potencial e recebemos muito apoio da gestão municipal”, afirma. “Propostas assim causam mais impactos em uma cidade menor, e também demonstra que é possível para os municípios de menor porte fazer cooperação com outros países. A inovação não precisa estar apenas nas capitais ou grandes centros, chegou o momento de descentralizar”.
Outro diferencial no potencial de Ivaiporã para projetos de inovação, destaca Montanha, é o fato de o município também ser um polo regional, com universidades e mão de obra qualificada. “Por falta de investimento, muitos talentos escapam e vão para fora. Mas com projetos como esse, conseguimos reter esse profissional aqui e atrair outros talentos para o Interior do Estado”, salienta Montanha. “É assim que formamos as cidades inteligentes, diminuindo o adensamento nos grandes centros e trazer mais qualidade de vida para as pessoas que vão para o interior”.
“A Coreia do Sul é um país com uma capacidade industrial gigantesca, mas só conhecemos aqui as marcas globais, como Samsung, LG, Kia, Hyundai. Imagina a quantidade de tecnologia que poderia vir para cá e não vem por conta dessa falta de aproximação”, ressalta Montanha. “A ideia é atrair, por meio de edital, de cinco a sete startups coreanas, que farão uma joit venture com empresas brasileiras para trabalhar dentro da incubadora. E daí poderão vir projetos que vão além do que conhecemos no país, em áreas como robótica, saúde e cosméticos”.
O Governo do Paraná também vai repassar, por meio da Secretaria da Inovação e Inteligência Artficial (Seia), R$ 1 milhão para a compra de equipamentos para a incubadora, incluindo materiais de laboratório, drones e mobiliários. A iniciativa tem, ainda, apoio da Invest Paraná – agência de atração de investimentos do Estado – e deve contar com parcerias com outros órgãos e secretarias estaduais.
Parceria também na área da educação
Além do Korean Valley, em Ivaiporã, a parceria com startups sul-coreanas também alcançou a educação do Paraná. A rede estadual de ensino conta com a plataforma Aprendiz Inteligente, que usa Inteligência Artificial para criar questões para os estudantes. A partir dos acertos e erros, ela gera um diagnóstico de quais conteúdos foram bem compreendidos e quais precisam ser revisados.
A ferramenta é fruto de uma cooperação entre a Celepar e a Secretaria de Estado da Educação com a empresa sul-coreana UFIT. A tecnologia também pode ser empregada para fornecer indicadores de como deverá ser o desempenho de cada município, colégio, série, turma e aluno em avaliações nacionais, como o Enem.
Com informações da Agência Estadual de Notícias