Paranaguá, no Litoral do Paraná, é a pior cidade brasileira com mais de 100 mil habitantes para ser mulher, de acordo com ranking elaborado pela consultoria socioambiental Tewá 225. Além do município litorâneo, Ponta Grossa, nos Campos Gerais, aparece no topo do ranking, na décima posição.
Entre os 22 municípios do Estado avaliados, Londrina, no 313º lugar, é o que oferece o cenário de maior dignidade, inclusão e desenvolvimento para mulheres (veja lista abaixo). Ainda assim, todos os municípios paranaenses tiveram desempenho abaixo do esperado — e apenas três entre os 319 que compõem o ranking tiveram desempenho “aceitável, porém com desafios” (Brasília/DF, São Caetano do Sul/SP e Araras/SP).
“Esse resultado indica que, mesmo nas grandes cidades, com mais de 100 mil habitantes e que deveriam oferecer infraestrutura e políticas públicas adequadas, a igualdade de gênero ainda é uma questão que precisa ser enfrentada com urgência”, diz o relatório.
Piores cidades para ser mulher — municípios do Paraná
Município | Posição no ranking | Índice ODS 5 (nota geral) |
Paranaguá (PR) | 1º | 12,7017941596366 |
Ponta Grossa (PR) | 10º | 23,2558954791261 |
Guarapuava (PR) | 70º | 30,5752491455765 |
Araucária (PR) | 78º | 30,9825323815704 |
São José dos Pinhais (PR) | 99º | 31,9594064460307 |
Campo Largo (PR) | 104º | 32,340456673156 |
Foz do Iguaçu (PR) | 138º | 33,9985450140601 |
Toledo (PR) | 140º | 34,072016785637 |
Cambé (PR) | 146º | 34,2240337443219 |
Fazenda Rio Grande (PR) | 177º | 35,5598125892278 |
Almirante Tamandaré (PR) | 179º | 35,5870259139087 |
Arapongas (PR) | 183º | 35,9960072680078 |
Cascavel (PR) | 190º | 36,3968674886437 |
Sarandi (PR) | 238º | 38,3481545316894 |
Colombo (PR) | 244º | 38,7677025308241 |
Umuarama (PR) | 249º | 38,9384763140818 |
Pinhais (PR) | 250º | 38,941700021631 |
Curitiba (PR) | 266º | 39,9330370754921 |
Apucarana (PR) | 300º | 41,8289638762708 |
Piraquara (PR) | 301º | 41,9921974475449 |
Maringá (PR) | 309º | 43,2923192731992 |
Londrina (PR) | 313º | 44,7835351070733 |
Resultados detalhados
A classificação considera os dados coletados pelo Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades — Brasil (IDSC-BR), do Instituto Cidades Sustentáveis, que dizem respeito ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 5 da Organização das Nações Unidas: “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. As informações são de 2024.
Foram avaliadas cinco variáveis, cujos índices originais foram normalizados, ou seja, ajustados para uma escala comum para que pudessem compor uma nota única:
- taxa de feminicídio a cada 100 mil mulheres;
- desigualdade salarial por sexo;
- percentual de mulheres na câmara de vereadores (ciclo legislativo 2020-2024);
- taxa de jovens mulheres (15 a 24 anos) que não estudam nem trabalham (NENT);
- a diferença percentual entre homens e mulheres que não estudam nem trabalham.
Dentro das faixas de desempenho organizadas para facilitar a interpretação dos dados, Paranaguá teve desempenho muito baixo em quatro itens e baixo apenas no que diz respeito à taxa de jovens mulheres que não estudam nem trabalham. Destacam-se a taxa de feminicídios e a presença de mulheres na Câmara Municipal.
Com 103,9 feminicídios a cada 100 mil mulheres, o município do Litoral é o terceiro pior entre os avaliados, ficando atrás apenas de Camaçari (BA), com taxa de 128,1, e Cabo de Santo Agostinho (PE), com taxa de 127,7.
Já no que diz respeito à presença de mulheres na Câmara Municipal, na legislatura anterior, havia apenas uma vereadora entre os 19 parlamentares, o que representava 5,26% do total de cadeiras. Atualmente, são três as vereadoras no município, o que representa 15,78% do total. O percentual melhorou, mas a nota que Paranaguá receberia se o ranking fosse feito com os dados atuais seria a mesma, já que a classificação estabelece um limite mínimo de 30% de mulheres na câmara municipal.
A única cidade paranaense a tirar uma nota diferente de zero neste quesito foi Londrina, no Norte, que, na última legislatura tinha sete vereadoras em um universo de 19 parlamentares. Com dados atuais, porém, a cidade também zeraria sua nota, já que houve diminuição no número de mulheres ocupando cadeiras na Câmara depois das eleições de 2024.
De acordo com a Tewá 225, a baixa representatividade feminina nas casas legislativas municipais “pode ser de fato um atraso para o atingimento da igualdade de gênero nos territórios, pois a ausência de representação feminina no legislativo impacta diretamente a formulação de políticas em áreas cruciais, como segurança, saúde e trabalho, perpetuando desigualdades de gênero”.
Ponta Grossa, por sua vez, teve desempenho médio na taxa de jovens mulheres que não estudam nem trabalham, baixo em desigualdade salarial entre sexos e muito baixo nos outros itens.
De acordo com dados do IDSC-BR fornecidos pela Tewá 225, o município tem taxa de feminicídio de 47,08 por 100 mil mulheres e 15,79% das cadeiras na Câmara ocupadas por mulheres (ciclo de 2020 a 2024) — percentual equivalente ao da atual legislatura. A diferença entre homens e mulheres que não estudam nem trabalham é de 16,43.
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