Uma equipe de formada por engenheiros do Instituto Água e Terra (IAT) e um geólogo da Defesa Civil Estadual esteve no começo da semana no município de General Carneiro, no Sul do Paraná, para avaliar os estragos, apontar possíveis soluções que tragam alívio à população frente às enxurradas de novembro e orientar as equipes municipais.
Em campo, eles visitaram locais de erosão e as cinco pontes da região central onde serão instaladas tubulações para melhorar a fluidez do Rio Torino nos momentos de cheia. Estas obras e a revitalização da rua João Dissenha, no centro, serão executadas com o repasse de R$ 6,7 milhões feito pelo Governo do Paraná à prefeitura na última sexta-feira por meio do Fundo Estadual para Calamidades Públicas (Fecap). Em novembro a cidade viveu uma enxurrada que vitimou uma criança.
De acordo com o prefeito Joel Ferreira, estes investimentos são fundamentais e os projetos das obras estão na fase final de revisão e atualização dos valores. Em seguida serão enviados para a aprovação da Câmara de Vereadores.
“Acredito que até o dia 15 de janeiro a gente consiga colocar em licitação essas duas importantes obras. Vamos trabalhar para dar início ainda em fevereiro, estas são as nossas prioridades no momento”, destacou o prefeito. “A ideia é aumentar a vazão das pontes, vamos usar um ou dois bueiros em cada lado para a ponte não represar e dar fluidez”.
O engenheiro do IAT Guilherme Oliveira, da Divisão de Drenagem, pontua que as pontes são obstáculos nos momentos de cheias dos rios, isso se dá em função dos aterros feitos nas fundações. “Aqui tem trechos com pontes seguidas de curvas de rio e estes são dois fatores que auxiliam no represamento do rio”, avaliou.
A ação em General Carneiro mostra o potencial do fundo criado em 2023 para auxiliar os municípios nas ações de resposta e recuperação. Os recursos destinados vão auxiliar tanto no atendimento à população que foi atingida quanto nas obras para diminuir os impactos de tempestades futuras.
Desassoreamento de rio é uma das possibilidades
A prefeitura busca junto ao IAT a liberação para limpeza do excesso de terra, areia, restos de troncos e galhos trazidos na última cheia Rio Torino. O problema está concentrado ao longo de aproximadamente 5 quilômetros de extensão na parte central. Também há a intenção de eliminar duas curvas neste trecho com o corte de terrenos e a desapropriação de um imóvel. Os técnicos orientaram os procedimentos que devem ser tomados para a solicitação.
Para o geólogo da Defesa Civil, Rogério Felipe, o cenário em General Carneiro é fruto de anos de sedimentos trazidos pelas águas. “O solo basáltico, comum em toda essa região foi se soltando e acumulando aqui por conta das curvas. Nas encostas a vegetação cobriu parte do que está depositado e tudo isso somado cria uma barreira natural o que deixa a caixa do rio mais estreita. Assim quando chove forte, enche mais rápido e logo extravasa”, detalhou.
Na última enxurrada a água entrou na residência do comerciante Ricardo Giroto. “Foi a primeira vez, aqui nunca tinha entrado, passou de um metro dentro de casa. Eu recebi uma ligação a uma da manhã, em 20 minutos a água invadiu tudo, não tivemos o que fazer”, lamentou. Ele planeja colocar barricadas nas portas para evitar novos incidentes. “Acreditamos que essas obras que estão prevendo vão auxiliar bastante”.
Anastácio de Espíndola Junior viu sua fábrica de conservas ficar parcialmente submersa. Depois do prejuízo acumulado com a perda dos produtos e os dias dedicados à limpeza ele se preparou para semana passada diante da previsão de chuva forte. “Eu retirei muitos insumos de dentro da empresa, vidros, tampas e deixei o mínimo necessário para começar a semana com medo que viesse outra enxurrada”, disse. “Eu acredito que o que vai resolver vai ser o conjunto de várias pequenas ações entre elas a limpeza do rio e as obras nas pontes”.