O Governo do Paraná e a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) autorizaram nesta quinta-feira (5) o início da última etapa das obras do Reservatório do Miringuava, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O investimento somente nesta fase é de R$ 25 milhões. A intervenção é fundamental para garantir o abastecimento de água da área metropolitana da capital e a expectativa é que o reservatório comece a ser enchido no segundo semestre de 2025.
Presente à cerimônia, o governador Carlos Massa Ratinho Junior destacou que a barragem, que terá capacidade para 38,2 bilhões de litros, é importante para garantir água de qualidade e em quantidade para 650 mil pessoas que passarão a ser abastecidas pelo reservatório.
“Tudo isso com um olhar da sustentabilidade. Tivemos toda uma preocupação de manter a preservação da fauna e flora do entorno, então teremos um corredor de sustentabilidade que vai ajudar a preservar o meio ambiente. Essa é uma obra gigantesca e que nos orgulha muito”, acrescentou o governador.
Durante visita às obras, ele realizou o plantio simbólico de um xaxim (Dicksonia sellowiana), uma das espécies que serão transplantadas na Área de Proteção Permanente (APP) do futuro reservatório.
O diretor-presidente da Sanepar, Wilson Bley Lipski, afirmou que o reservatório garante o abastecimento da população para os próximos anos. “Além de suprir, vai dar também uma sobra no sistema de mais 10%, acompanhando o crescimento das cidades da Grande Curitiba, com a Sanepar preparada para esse novo momento”, ressaltou o diretor-presidente. “Nós temos um sistema integrado, então essa água pode abastecer diversas regiões além das que estão previstas inicialmente.”
Detalhes da última etapa
A nova etapa para construção da barragem, chamada de Preparação Ambiental, deve durar cerca de oito meses. Com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e licença de instalação emitida pelo Instituto Água e Terra (IAT), serão suprimidas espécies exóticas e nativas para a formação do reservatório, essencial para a garantia de água para as próximas gerações.
A medida terá compensação superior ao que será suprimido pela barragem. Enquanto que o reservatório ocupará 430,6 hectares, a Sanepar compensará cerca de 700 hectares. Isso corresponde a uma área 62,6% superior ao que está sendo utilizado para reservação de água.
“Haverá uma compensação muito forte, com a criação de um corredor de biodiversidade e isso faz com que não só a reservação, a possibilidade da gente entregar água, mas também trabalhar com a sustentabilidade dentro do contexto de mudanças climáticas. Observamos um regime extremamente anormal de chuvas, então estamos realizando ações concretas, investindo quase R$ 12 bilhões nos próximos cinco anos”, disse o diretor-presidente da Sanepar.
Recuperação de áreas degradadas
Desde janeiro de 2022, a Sanepar tem desenvolvido diversas ações visando a recuperação de áreas degradadas no entorno do futuro Reservatório Miringuava. Os serviços já executados envolveram o preparo inicial das áreas (como descompactação e correção do solo, adubação e controle de espécies daninhas), e o plantio e replantio de 214 mil mudas de 60 espécies arbóreas nativas, recuperando, até o momento, uma área total de 110 hectares (25% do espaço utilizado pela barragem).
Também foi implantado um viveiro para o acondicionamento temporário de espécies vegetais resgatadas. As sementes das árvores serão resgatadas e destinadas para viveiros do IAT, da própria Sanepar e de Organizações Não Governamentais (ONGs) locais, com o objetivo de preservar o material genético e fazer o replantio na própria área de APP para reforçar a recuperação da vegetação do entorno do reservatório.
Outra ação de recuperação ambiental diz respeito à fauna local. A Companhia está estruturando um Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS) para atendimento de animais que serão realocados e que necessitarem de cuidados. A estrutura contará com veterinários para atender os animais, e uma equipe de campo para resgate e atendimento, quando necessário.
Para isso, estão sendo qualificadas equipes para as intervenções na vegetação e resgate de fauna e da flora; manejo de abelhas, com apoio de profissionais da meliponicultura; e reuniões comunitárias sobre o andamento da formação do reservatório. A população também será informada sobre como proceder caso encontre algum animal no entorno do reservatório ou próximo a suas casas.
A Sanepar está apoiando o desenvolvimento socioeconômico dos produtores e empreendedores da Bacia do Miringuava. Para isso, a sede da empresa recebe, mensalmente, a Feira de Produtos Agrícolas e Artesanais; e promove reuniões com empreendedores do turismo rural do entorno da barragem, por meio do Vocações Regionais Sustentáveis (VRS) Miringuava, uma parceria entre a Sanepar e a Invest Paraná, agência de atração de investimentos do Estado.
O diretor de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Julio Gonchorosky, acompanhou a visita e ressaltou o cuidado com a fauna e a flora nesta última etapa. “O entorno do reservatório já foi recuperado, temos em torno de 500 hectares de áreas protegidas e vamos estabelecer um corredor entre o Miringuava e o Parque Nacional Guaricana. É um verdadeiro corredor de biodiversidade que, além de todas as ações de fauna e de recursos hídricos, também minimiza os impactos das mudanças climáticas”, explicou.
“Recentemente fizemos uma reunião pública, novas estradas estão sendo feitas para garantir o acesso de toda a população e a comunicação a todo tempo de cada etapa. A relação com a comunidade está sendo bastante próxima e esperamos fazer algo com mínimo impacto social também”, complementou.
A importância do Miringuava
Previsto no Plano Diretor da Sanepar para a Região Metropolitana de Curitiba, o Reservatório Miringuava é fundamental para reforçar a disponibilidade de água para abastecimento da população de Curitiba e RMC, com foco no enfrentamento da escassez hídrica. Ele irá compor o Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba (Saic), formado pelos reservatórios Iraí, Passaúna, Piraquara I e Piraquara II.
A barragem vai beneficiar os bairros Campo de Santana, Caximba, CIC, Ganchinho, Tatuquara, Umbará e Sítio Cercado, em Curitiba; e também as cidades de Fazenda Rio Grande, Araucária e São José dos Pinhais. A previsão é de que o reservatório comece a ser enchido no segundo semestre de 2025.
Com informações da Agência Estadual de Notícias