Uma comitiva de Brasília liderada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, realizou uma visita técnica à Ceasa Curitiba no final da semana passada. Na ocasião, a equipe conheceu o programa Banco de Alimentos Comida Boa e detalhes da iniciativa que aproveita alimentos que não são vendidos nas Ceasas do Paraná.
Após conhecer mais detalhes do programa e visitar a cozinha onde os alimentos são processados, o ministro elogiou a iniciativa e disse que o Governo Federal pode replicá-la em outras Ceasas pelo País. “Essa é uma bela iniciativa que reúne o combate ao desperdício de alimentos, a assistência aos mais necessitados por meio de parcerias com instituições sociais e a ressocialização de pessoas com uma porta de entrada para o mercado formal de trabalho”, disse.
Ele ainda indicou que a União deve aportar inicialmente recursos para a criação de bancos de alimentos nos moldes do Paraná na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e nas Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas). “Políticas como essa são importantes para que o Brasil volte a sair do mapa da fome e nós pretendemos replicar este modelo para todo o País”, afirmou.
Programa
Criado pelo Governo do Estado em 2020 como uma medida para mitigar os efeitos sociais da pandemia, o programa rapidamente ganhou outra dimensão. Atualmente, mais de 600 toneladas de alimentos em bom estado são doadas todos os meses para famílias em situação de vulnerabilidade social diretamente ou através de 342 entidades sociais parceiras.
As frutas, legumes e verduras que acabam não sendo comercializadas pelos produtores e comerciantes que frequentam a Ceasa, mas que ainda estão em boas condições de consumo, são repassadas in natura para o programa. Quando isso não é possível, elas passam por um processamento dentro da própria Central de Abastecimento e são enviadas embaladas já cortadas ou na forma de molhos, compotas e pastas, entre outros produtos de consumo.
O processamento dos alimentos é feito por detentos monitorados por tornozeleira eletrônica, em uma parceria com o Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen), que supervisiona as atividades. Além de poderem trabalhar, eles participam de capacitações ligadas à educação alimentar, o que os ajuda na reinserção no mercado de trabalho. Segundo estimativas da Ceasa, 72% dos participantes que saem do programa conseguem obter outras vagas de emprego.
Por fim, a Ceasa ainda organiza semanalmente a visita de estudantes e professores do ensino fundamental às instalações do programa. Chamada de Ceasa Recebe, a iniciativa tem o intuito de ensinar as crianças sobre a origem dos alimentos que consomem e também mostrar a elas exemplos de como evitar o desperdício de alimentos.
Parceria
Em busca do desperdício zero de alimentos, a Ceasa também firmou parcerias com o Criadouro Conservacionista Onça Pintada, localizado em Campina Grande do Sul, que recebe uma média de 29 toneladas de alimento por mês. Com isso, a instituição, que é licenciada pelo Instituto Água e Terra (IAT), não precisa mais gastar dinheiro com frutas, verduras e legumes para alimentar os cerca de 4 mil animais de 206 espécies diferentes que habitam o completo.
O sucesso dessa parceria fez com que o IAT expandisse a iniciativa para o zoológico de Curitiba, que também passou a receber alimentos. O órgão também estuda ampliar as doações para outras instituições voltadas à causa animal, como os Centros de Apoio à Fauna Silvestre (Cafs) e o Centro de Triagem e Atendimento de Animais Silvestres (Cetas). Paralelamente, a Ceasa também deve replicar o modelo de Curitiba nas Centrais de Abastecimento de Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina e Maringá.
Com informações da Agência Estadual de Notícias