As doenças diarreicas agudas (DDAs) são aquelas que atacam estômago e intestino e são causadas por microrganismos como vírus, bactérias e parasitas. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), plataforma oficial do Ministério da Saúde, este ano o Paraná registrou 104 surtos de moléstias do tipo, contra 67 surtos identificados no ano passado, um aumento de 55%.
Em relação a casos notificados, de janeiro a outubro, a Secretaria da Saúde do Paraná (Sesa) registrou 389.422 casos de diarreia na população em geral, sendo 56.839 em crianças de até cinco anos de idade. No ano passado inteiro, o número total de notificações foi de 357.046.
Considera-se surto quando duas ou mais pessoas apresentam a doença ou sinais e sintomas semelhantes, após ingerirem alimentos e/ou água da mesma origem, normalmente em um mesmo local, como restaurante ou festa, podendo ser também na residência, bairro, creche e local de trabalho. Outra situação é quando o município tem um padrão de casos por semana e ocorre o aumento.
As DDAs pertencem a um grupo de doenças infecciosas gastrointestinais que causam as gastroenterites (inflamação do trato gastrointestinal) e podem até levar a morte, em casos extremos. A transmissão ocorre por consumo de água e alimentos contaminados, contato com outras pessoas doentes, através de mãos e objetos, e também pelo contato com animais.
“Essas são causas evitáveis, que englobam boas práticas, o cuidado e a prevenção, com a vacinação, especialmente das crianças”, afirma a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, Maria Goretti Lopes. “É importante ressaltar que a vacinação não apenas reduz a incidência de casos graves, mas também pode salvar vidas”.
Segundo Maria Goretti, as características das doenças mostram a importância da integração dos profissionais da saúde pública nas diversas áreas, como o trabalho de laboratório, Vigilância Ambiental, Epidemiológica e Sanitária.
A vacinação contra o rotavírus, um dos principais agentes virais causadores das DDAs é recomendada para bebês. A vacina, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), tem o objetivo de proteger as crianças de desidratação. O esquema de vacinação é de duas doses exclusivamente por via oral, sendo a primeira aos 2 meses e a segunda aos 4 meses de idade com intervalo mínimo de 30 dias entre elas. A cobertura vacinal para este imunizante no Estado é de 90,22%.
Saiba os sintomas
Os casos de diarreia são caracterizados por um mínimo de três episódios em um período de 24 horas, evoluindo para aumento do número de evacuações e diminuição da consistência das fezes. Os sintomas também podem incluir náuseas, vômitos, dores abdominais e febre.
Geralmente, esses casos são autolimitados e duram cerca de 14 dias. No entanto, crianças desnutridas, com baixo peso e com condições crônicas de saúde têm maior risco de desenvolver casos mais graves.
Importância de identificar as causas
O Laboratório Central do Estado (Lacen), unidade de referência para a saúde pública no Paraná, realiza a coprocultura e pesquisa molecular de bactérias e vírus em amostras de fezes de pacientes que atendam a definição de caso diarreico e estejam envolvidos na investigação de surto no Estado.
Em amostras clínicas (de pacientes) são pesquisados 11 microorganismos que causam esse tipo de doença, como Salmonella spp e Escherichia coli enteropatogênica (EPEC). Além disso, existe a investigação para cinco vírus: rotavírus, norovírus, adenovírus, sapovírus e astrovírus.
“Na investigação de surtos é importante também avaliar a presença de toxinas. As informações dos envolvidos no surto, como qual alimento, quanto tempo para início dos sintomas e quais são eles, nos direcionam ao microrganismo a ser pesquisado e em qual amostra”, explica o diretor técnico da área ambiental do Lacen, André Dedecek.
Além do número de casos e de surtos, há neste ano aumento expressivo no volume de exames realizados pelo Lacen/PR. No ano passado inteiro foram analisadas 1.551 amostras. Neste ano, apenas de janeiro a setembro, já houve 2.868 análises. E é possível que os números aumentem ainda mais com a chegada do verão, devido à maior movimentação de pessoas, especialmente em cidades litorâneas e turísticas, e também porque o calor prejudica a conservação de alimentos.
Com informações da Agência Estadual de Notícias