Depois de um segundo turno acirrado e agressivo, Eduardo Pimentel (PSD) foi eleito prefeito de Curitiba com 57,64% dos votos neste domingo (27). O resultado foi oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral por volta das 18h08, com 92,24% das urnas apuradas. Cristina Graeml (PMB) teve 42,36% dos votos.
A vitória de Pimentel já era indicada por pesquisas na véspera da votação, mas, depois de disparar na reta final do primeiro turno e desbancar veteranos como Luciano Ducci (PSB), Ney Leprevost (União Brasil) e Roberto Requião (atualmente sem partido, mas, à época, no Mobiliza), Graeml se tornou uma séria ameaça aos planos de Pimentel — e do grupo político do governador Ratinho Junior — de se manter na Prefeitura, agora como o chefe do executivo municipal.
Para freá-la, a campanha do pessedista apostou em desconstruir a imagem da rival, associando-a ao negacionismo, usando denúncias e investigações levantadas pela imprensa sobre seu vice e membros de seu partido, e apontando as falhas e inconsistência de suas propostas para mostrar que ela não tinha preparo suficiente para assumir o cargo. Um dos pontos mais explorados foi a ideia da passagem proporcional para o transporte coletivo.
Encontrou, porém, um grupo disposto a trabalhar da mesma forma e viu Pimentel não ser questionado não apenas pelas falhas e faltas da gestão atual, como também pelo seu relacionamento com Beto Richa e os problemas com a Justiça do ex-governador, por investigações envolvendo o nome de seus parentes e pela postura de seus aliados.
Bolsonaro “neutro”
Apesar do apoio oficial à candidatura de Eduardo Pimentel — o vice de Pimentel é Paulo Martins (PL) —, o ex-presidente Jair Bolsonaro ajudou a colocar lenha na fogueira do segundo turno curitibano ao passar mensagens ambíguas sobre quem seria seu “verdadeiro candidato”. Chegou a ser duramente criticado por isso, mas, conforme informações divulgadas por O Antagonista, cogitava vir a Curitiba para subir no palanque de Graeml, se sentisse que ela teria chances de vencer.
A viagem a Curitiba não aconteceu, assim como não vieram outros acenos para a candidata, o que pode ter contribuído para o resultado final nas urnas.
“Cuidar de todas as famílias curitibanas”
Em entrevista coletiva no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, Pimentel afirmou que será “um prefeito de corpo e alma para cuidar de todas as famílias curitibanas, de todas as pessoas que aqui vivem”. A frase reitera o que ele vinha reforçando ao longo da campanha para o segundo turno para conquistar o eleitorado de esquerda.
Abstenção superou votação de Graeml
Apesar do crescimento expressivo que teve ao longo da campanha, Cristina Graeml foi, na verdade, a terceira colocada na corrida. O segundo lugar ficou com a abstenção. Ao todo, 432.408 eleitores não foram às urnas neste domingo, ante os 390.254 que votaram na candidata do PMB. O número representa 30,37% do total.
A abstenção foi ainda maior do que no primeiro turno. Em 6 de outubro, 394.912 eleitores deixaram de votar — 27,74% do total.