Depois de dois debates marcados por ataques e agressividade, Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) tentaram mudar o tom e criar um clima de serenidade na última oportunidade que tinham para discutirem suas propostas antes do segundo turno, o debate promovido pela RPC na noite desta sexta-feira (25) — mas falharam.
Mesmo em tons de voz mais contidos, ambos não resistiram à troca de acusações, principalmente nos momentos em que as propostas concretas e factíveis e as respostas sobre problemas detectados na cidade faltaram.
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Logo no primeiro bloco, Graeml anunciou que não responderia a acusações e calúnias, mas não só respondeu — e pediu pelo menos seis direitos de resposta ao longo do debate —, como acabou sendo quem mais acusou e usou de uma postura agressiva e até desrespeitosa. Ela insistiu em um tom irônico para questionar a capacidade cognitiva de seu oponente, chamou-o de “menino” e tentou pintá-lo como um homem que “não aceita que uma mulher vá ao segundo turno”.
Pimentel, por sua vez, anunciou que estava ali para falar das propostas, mas não conseguiu se ater a elas. Relembrou as investigações e condenações de pessoas ligadas a Graeml e sua candidatura, falou sobre a situação do partido da candidata, cujo diretório estadual declarou neutralidade na corrida eleitoral em Curitiba e o nacional apoiou a candidatura de Boulos, de esquerda, em São Paulo, e insistiu, sempre que pode, no discurso de que sua oponente é despreparada para o cargo e não responde sobre propostas.
Vagas em creches e transporte público
Para além dos ataques, dois temas geraram maior discussão entre os candidatos: a falta de vagas em creches — e como resolvê-la — e a proposta de passagem proporcional para o transporte público.
No primeiro caso, os candidatos voltaram a repetir aquilo que já haviam dito em outras ocasiões. Graeml prometeu zerar a fila de creches, construindo quantas creches o orçamento permitir e contratando vagas na rede privada. Disse ainda que vai cuidar da saúde mental das educadoras — assim como de profissionais da saúde e das protetoras de animais. E questionou, sempre que pode, o motivo de a fila para as creches estar tão grande.
Pimentel disse que vai construir 36 creches — 30 com financiamento do BNDES e outras seis a fundo perdido —, além de instituir o vale-creche para atender os pais enquanto as novas unidades não estiverem prontas. Não explicou o motivo para a fila, mas disse que 32 creches foram inauguradas ao longo das gestões de que fez parte.
No caso do transporte coletivo, o clima ficou mais hostil, porque Pimentel falou sobre a proposta de passagem proporcional, dizendo que a candidata cobraria mais de quem mora mais longe, e ela o acusou de infringir decisão eleitoral, já que, segundo ela, a Justiça havia proibido que ele falasse que ela aumentaria a passagem.
Em termos de propostas, a candidata do PMB disse que vai diminuir o preço da passagem par R$ 5,75 assim que assumir, caso seja eleita. Para custear a medida, disse que vai deixar de pagar a taxa administrativa da Urbs, sem detalhar se isso é possível ou se haverá consequências. Pimentel se comprometeu a reduzir a tarifa a partir da nova licitação, mas prometeu um desconto de 50% aos domingos e passe livre para desempregados em busca de emprego, o que deve custar 17 milhões e um milhão, respectivamente.
Outros temas discutidos foram os atendimentos de especialidade na saúde, radares, políticas públicas para mulheres em situação de vulnerabilidade, propostas para pets.