A candidata Cristina Graeml (PMB) confirmou a disparada medida nas pesquisas e vai disputar o segundo turno contra Eduardo Pimentel (PSD), atual vice-prefeito, candidato do prefeito Rafael Greca (PSD) e também do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). A candidata que aparecia com apenas 7% de intenções de voto na pesquisa IRG em 18 de setembro*, recebeu 32% dos votos neste domingo.
O resultado volta a demonstrar a força da máquina eleitoral bolsonarista, que se caracteriza por campanhas feitas no submundo da internet, em grupos de WhatsApp, e com perfis-satélites alinhados nas redes sociais. Cristina Graeml não tinha tempo de TV e pouco poderio financeiro, na comparação com outros adversários diretos como Ney Leprevost (União Brasil) e Luciano Ducci (PSB).
A campanha em Curitiba era caracterizada pela liderança folgada do candidato do prefeito e governador. Isso até a última terça-feira (1º), quando uma denúncia de que servidores da Prefeitura de Curitiba eram coagidos para doar à campanha de Pimentel foi divulgada pelo portal Metrópoles.
Alvo dos adversários, o candidato do PSD teve que dar explicações, dividindo o foco na reta final da campanha. E teve que se defender da ascensão de Graeml, trazendo seu vice, o também bolsonarista Paulo Martins (PL), para o foco. Porém, o remédio não surtiu efeito.
Também teve que lidar com uma crise nacional causada pela esfera de influência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com influencers de renome nacional fazendo campanha contra o PSD, caracterizando o partido como base de apoio do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por mais que ressalvas tenham sido feitas a Eduardo Pimentel e Ratinho por influencers como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o estrago não foi desprezível.
Confira o resultado final do primeiro turno em Curitiba
- Eduardo Pimentel (PSD): 33,51%
- Cristina Graeml (PMB): 31,17%
- Luciano Ducci (PSB): 19,44%
- Ney Leprevost (União): 6,49%
- Luizão Goulart (Solidariedade): 4,41%
- Maria Victoria (PP): 2,19%
- Roberto Requião (Mobiliza): 1,83%
- Professora Andrea Caldas (PSOL): 0,86%
- Samuel de Mattos (PSTU): 0,06%
- Felipe Bombardelli (PCO): 0,04%
Também foram registrados 4,64% de votos nulos e 4,46% de votos brancos, que são considerados inválidos. A abstenção – eleitores registrados que deixaram de votar – foi de 27,74%.
O que esperar do segundo turno
E agora Pimentel se vê no segundo turno contra uma adversária que não ele pode usar a carta “direita versus esquerda”, que é manjada e de bastante sucesso em Curitiba. Se contra Luciano Ducci (PSB) o candidato do prefeito teria uma linha muito clara de campanha, agora a estratégia terá que ser reformulada. Cristina Graeml representa na teoria os mesmos “valores morais” que Eduardo Pimentel. E com inegável vantagem para ela na hora de dizer que é a real candidata de Bolsonaro em Curitiba.
A tendência é que a campanha de Cristina reforce o apelo aos valores morais, e que a de Eduardo se concentre nas realizações de seus mentores, Rafael Greca e Ratinho Jr., para Curitiba. Também é provável que haja uma tentativa da campanha do PSD de pintar Graeml como inexperiente e sem capacidade para gerir a cidade.
O jogo está aberto. E impõe desafios a ambos os lados. Quem vai ter a coragem de ir em busca dos votos de Ducci, claramente do outro lado do espectro ideológico? Qual será a tática para trazer o eleitorado de Leprevost? O jogo está em aberto. E o curitibano deve esperar uma campanha acalorada.
*A pesquisa IRG/RICtv entrevistou 800 pessoas de 16 anos ou mais entre os dias 13 e 17 de setembro. Foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número PR-09090/2024. A margem de erro é de 3,47 pontos percentuais e o nível de confiança é 95%.