*com Vivian Faria
O debate da RPC, realizado na noite de quinta-feira (4), foi o mais acalorado entre os feitos nesta campanha municipal em Curitiba. O atual vice-prefeito e candidato Eduardo Pimentel (PSD), bem como a gestão do prefeito Rafael Greca (PSD), foram atacados duramente em vários momentos. No meio da discussão mais áspera, algumas áreas importantes da cidade mereceram atenção dos postulantes à prefeitura, mas outra foram negligenciadas.
A ausência mais sentida foi a revisão do Plano Diretor da cidade, que será feita a partir de 2025. O documento é essencial para organizar os eixos de desenvolvimento da cidade. Nenhum candidato ter tocado na questão é um sinal preocupante para os curitibanos. Onde Curitiba irá se verticalizar? Onde haverá adensamento populacional? É uma pergunta que nenhum interessado na prefeitura parece interessado em debater.
O esgotamento do sistema viário da cidade também não foi discutido propriamente. Embora uma melhoria do transporte público possa reduzir a carga das vias, não houve menção direta a como fazer isso, fora menções à licitação do sistema de transporte, que ocorrerá em 2025. Como aumentar a velocidade média dos ônibus? Haverá mais faixas exclusivas para os coletivos? Teremos alguma via expressa de ligação entre regiões mais povoadas e atualmente congestionadas?
Curitiba sequer dispõe de uma pesquisa origem–destino para entender como os cidadãos se locomovem pela cidade. Difícil imaginar que algum dos candidatos poderá tomar decisões sensatas para nossa mobilidade sem fazer um levantamento desse tipo.
Os impactos da reforma tributária, que irá mudar radicalmente a forma que cidades arrecadam seus recursos, também não foram debatidos pelos candidatos. Nem pelo lado de uma possível queda da arrecadação dos recursos, nem pelo viés de alta, com a cobrança do antigo Imposto Sobre Serviços (ISS) pelas operações ocorridas no destino, e não na origem, como acontece em alguns casos atualmente.
Uma alta ou queda de arrecadação é algo que pode afetar a cidade de forma significativa. O fato de os postulantes à prefeitura não falarem sobre isso é também algo preocupante para os curitibanos.