Conhecer um instrumento vai muito além de ouvir suas notas. Para pessoas com deficiência visual, a experiência se torna ainda mais profunda ao explorar o formato de um violino, sentir a suavidade ou a aspereza de suas cordas, ou tocar a superfície fria e metálica de uma flauta. Esses detalhes sensoriais ampliam o entendimento da música, permitindo que a textura, o peso e as vibrações dos instrumentos enriqueçam o imaginário durante uma apresentação.
É essa experiência que os participantes do projeto Música Tátil descobrem nos encontros promovidos pelo Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná, em parceria com o Teatro Guaíra. No palco do Guairão, alguns instrumentistas da Orquestra Sinfônica do Paraná tocam e apresentam seus instrumentos aos participantes cegos ou com baixa visão, de forma que possam explorar as texturas, formas e vibrações dos materiais.
De acordo com a assessoria, a próxima experiência do tipo deve acontecer em novembro de 2024, durante a “Gala Puccini”.
“A música é uma das mais belas artes, a música fala com o coração”. Essa é a definição de Lucas Antônio, um dos participantes da última edição. Para ele, essa é uma oportunidade de poder conhecer de perto a formação da música. “Nós pudemos, através deste projeto, conhecer os instrumentos, estar num contato muito próximo com a música, consumir cultura de forma acessível. E isso é maravilhoso, é muito significativo”.
Os eventos são uma oportunidade para que os participantes do Música Tátil percebam a música por meio do toque. Para Luiz Amorim, coordenador do projeto, ele é importante para o enriquecimento e acessibilidade cultural. “É uma maneira de viabilizar uma troca de ideias com músicos de altíssimo nível e conhecer a história, as características físicas e o repertório dos instrumentos”, explica.
A iniciativa reforça o compromisso da Orquestra Sinfônica do Paraná e do Teatro Guaíra com a inclusão e o acesso à cultura para todos. “Esse é um momento de troca cultural tanto para nós como para eles. Com o teatro vazio a gente consegue ter essa proximidade de tirar dúvidas e conversar”, afirma Ricardo Molter, violinista na Orquestra Sinfônica do Paraná e um dos participantes da atividade.
Projeto
Realizado pela primeira vez em 2023, o Música Tátil foi viabilizado pela colaboração entre o Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná e o Instituto Paranaense de Cegos. Na época, Amorim, que atuava como professor de musicalização no Instituto, organizou uma ação para conectar pessoas cegas e de baixa visão à Orquestra.
Mesmo após o encerramento do contrato de trabalho do professor Amorim no Instituto Paranaense de Cegos, o projeto continuou como uma ação voluntária voltada à formação musical profissionalizante de pessoas com deficiência visual em Curitiba e Região Metropolitana, coordenada por Amorim. Este ano, o projeto foi realizado duas vezes: a primeira em junho e, agora, em agosto.
Para o professor, além de conhecer a estrutura física, esse é um momento de experienciar. “A gente já conhece o som, então essa é uma oportunidade que a gente pode não só conhecer fisicamente, mas também ter a experiência de tocar, mesmo que por um breve momento, estar desse outro lado”, diz.
Fundado em novembro de 2016, o Instituto de Apoio à Orquestra Sinfônica do Paraná (IAOSP) é uma associação civil sem fins lucrativos, dedicada a apoiar as atividades da Orquestra Sinfônica do Paraná, grupo de música pertencente ao Centro Cultural Teatro Guaíra.
Com informações da Agência Estadual de Notícias